Angra 3, ainda não aprovada, foi incluída na previsão
2006-03-16
O Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica, divulgado terça-feira (14) pelo governo, inclui, em suas previsões, a entrada em operação da usina nuclear de Angra 3 no início de 2013, apesar de a sua construção ainda não ter sido aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
"O Ministério está considerando essa obra. É uma alternativa, não significa que está sendo tomada alguma decisão", disse o secretário de Planejamento Energético do Ministério, Márcio Zimmermann. Se for construída, Angra 3 terá capacidade de produzir 1.309 megawatts (MW).
Para que possa entrar em operação no início de 2013, o CNPE teria de autorizar a construção da usina até início de 2007. "Temos de considerar várias fontes, como a hidreletricidade, as termoelétricas a gás ou carvão e a alternativa nuclear."
Zimmermann confirmou que está em discussão no CNPE a possibilidade de o País adotar um plano para instalar mais sete usinas nucleares. A possibilidade foi defendida na semana passada pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Essas sete usinas não constam do plano divulgado ontem.
A próxima reunião do CNPE - formado pelos ministros Silas Rondeau (Energia), Dilma Rousseff (Casa Civil), Antonio Palocci (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento), Marina Silva (Meio Ambiente), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) e por representantes da sociedade civil - deverá ocorrer nos próximos dias, em Brasília.
O projeto divide o CNPE. Em 2004, quando Dilma era titular de Minas e Energia, o ministério divulgou relatório contrário ao projeto, por motivos econômicos - a usina exigiria investimento de US$ 1,8 bilhão. O Ministério do Meio Ambiente também foi contra.
Ficaram a favor o Ministério da Ciência e Tecnologia e o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, que pediu vista do processo para adiar a decisão enquanto preparava um relatório, não apresentado. Em 2005, antes de substituir Dirceu, Dilma teria dado sinais de que poderia rever sua posição, pois o aumento do petróleo encareceu a energia e tornou Angra 3 mais viável.
(O Estado de S. Paulo, 15/03/06)