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2006-03-16
A Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), representante da BirdLife International no País, lançará no próximo dia 22 de março, às 18h30min, o livro Áreas Importantes para a Conservação das Aves no Brasil . O evento acontecerá durante a 8a. Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), no Centro de Convenção do Expotrade, em Curitiba.

A publicação traz o resultado de um estudo de cinco anos que apontou 163 Áreas Importantes para a Conservação das Aves (ou IBAs, na sigla do inglês Important Bird Areas) no Brasil. O trabalho englobou 15 estados do Domínio da Mata Atlântica, incluindo nove ecorregiões de quatro dos biomas brasileiros (Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Pampa). O livro tem 494 páginas, incluindo ensaio fotográfico de aves e habitats e mapas de todas as IBAs.

Organizado pelos biólogos Glayson A. Bencke, Giovanni N. Mauricio, Jaqueline M. Goerck e Pedro F. Develey, o livro faz parte de uma estratégia mundial da BirdLife, que já detectou 3.400 IBAs em 24 países. Entre os critérios para se estabelecer uma IBA estão a presença na área de espécies globalmente ameaçadas de extinção, espécies de distribuição restrita, espécies restritas a um bioma e/ou espécies congregatórias, ou seja, que utilizam determinadas áreas para reprodução, locais de invernagem ou paradas durante a migração. As IBAs são selecionadas para abranger populações distintas ao longo da distribuição geográfica das espécies e podem ser definidas para proteger uma ou várias espécies.

O Brasil possui cerca de 1.800 espécies de aves, que representam 20% das 9.000 espécies existentes no mundo. É o terceiro país em diversidade de aves (atrás apenas da Colômbia e do Peru). No entanto, é o primeiro em número de espécies em extinção. Das 1.212 aves ameaçadas no mundo, 118 estão no País, incluindo duas já extintas na natureza - o mutum-do-nordeste (Mitu mitu) e a ararinha-azul ( Cyanopsitta spixii ).

As 163 IBAs identificadas totalizam 8.385.791 hectares, que correspondem a 3,08% da região estudada (ou seja, da área total desses 15 estados). O estado com o maior número de IBAs identificadas é a Bahia, com 31 áreas, seguida por Minas Gerais, com 18, além de uma IBA interestadual com área nos dois estados. Em superfície, porém, o campeão é o Rio Grande do Sul, com 1.047.051 hectares distribuídos em 12 IBAs.

Do total de áreas identificadas como IBAs, 51% estão parcialmente ou totalmente inseridas em unidades de conservação de proteção integral, 3% em unidades de conservação de uso sustentável (excluindo Áreas de Proteção Ambiental – APAs e RPPNs), 11% em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e 8% em outros tipos de reservas privadas. No Espírito Santo, por exemplo, duas grandes áreas particulares, sem proteção garantida, são os principais refúgios ainda existentes da saíra-apunhalada (Nemosia rourei). Mesmo áreas parcialmente protegidas, como a Chapada do Araripe (Ceará), o único abrigo do soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni), requerem ações imediatas para a conservação de longo prazo das espécies que lá ocorrem.

As IBAs incluem também áreas bastante pressionadas pela urbanização, como a Serra da Cantareira, em São Paulo, com grau de proteção apenas parcial e abrigo de quatro espécies ameaçadas de extinção - gavião-pomba ( Leucoptemis lacemulata ), pomba-espelho ( Claravis godefrida ), papagaio-de-peito-roxo ( Amazona vinacea ) e araponga ( Procnias nudicollis ) -, além de outras nove quase ameaçadas.

O livro poderá ser adquirido através do telefone (11) 3815-2862, com Sônia.
(NUCA – Núcleo de Conteúdos Ambientais, 14/03/06)
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=1457&Itemid=2

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