FZB faz alerta contra extinção da biodiversidade
2006-03-16
Segundo o presidente da FZB, Carlos Rubem Schreiner, a determinação de impedir
a degeneração da sociedade a ponto de restar natureza apenas em recintos
fechados e em áreas com circulação reservada, caracteriza a atuação de sua
gestão. Schreiner, que responde pela instituição apoiada em órgãos distintos
como Jardim Botânico, Museu de Ciências Naturais e Parque Zoológico de Sapucaia
do Sul, aposta muito na promoção do ensino ambiental, baseado na crença de que
"nos pequenos, nas crianças, é que são alcançadas as maiores mudanças de
mentalidade".
O que pode e deve ser feito para deter a acelerada extinção da biodiversidade
do planeta?
Este é um processo que precisa ser assumido por todas as pessoas e o próprio
governo, como órgão oficial. A Fundação Zoobotânica, como a responsável pela
biodiversidade do Estado, tem estado alerta e, quando necessário, manifestado
sua preocupação. Sabemos que 70% da dizimação da biodiversidade correspondem à
destruição do meio ambiente. Então, temos monitorado e atuado junto com a Sema
em todas as ações visando a inibir a destruição..
Diante da grande divulgação de crimes contra a vida humana e contra a natureza,
corremos o risco de ter de confinar a natureza e restringir o acesso das
pessoas para proteger da degradação?
Se a sociedade degenerar a ponto de restar natureza apenas em recintos fechados
e em áreas com circulação reservada, será o fim da espécie humana. Por isso
reitero sempre que as autoridades constituídas, o mais breve possível, devem
fazer valer as leis existentes para garantir a preservação do meio ambiente.
Uma das formas de as pessoas manterem aceso na mente o compromisso que todos
temos com a vida terrestre, em todas as suas versões, é reservar um tempo, no
final de semana, para visitar o Jardim Botânico, o Parque Zoológico e o Museu
de Ciências Naturais, todos mantidos pela FZB.
Na última década, a questão ambiental deixou a condição da mera panfletagem
para ganhar prioridade nas políticas de governo. Como isso é feito no Estado?
O Rio Grande do Sul, contrariando a tendência nacional, vem registrando
crescimento da área de cobertura florestal de uns anos para cá. A conservação
da biodiversidade é predominante nas iniciativas do secretário Mauro Sparta e
faz parte do conjunto de responsabilidades inerentes aos dirigentes de órgãos a
ele subordinados. Mesmo porque, este é o momento de tomar as precauções e
cuidados devidos, do contrário, certamente, seremos cobrados por isso no futuro
e apontados como negligentes.
Como a Fundação efetua a blindagem do meio ambiente pela conscientização?
Tanto na sede central quanto em cada um dos órgãos que compõem o sistema, a FZB
mantém uma estrutura - departamento, coordenadoria e divisões - específica para
promover a educação ambiental, baseada na crença de que nos pequenos, nas
crianças, é que são alcançadas as maiores mudanças de mentalidade. No Parque
Zoológico, por exemplo, desenvolvemos um trabalho que procura fixar o princípio
da convivência em harmonia com a flora e a fauna através de bottons com a
imagem do Bicho do Mês. O emblema é oferecido aos visitantes em troca do lixo
que produzirem durante a visitação ao complexo do Zôo, recolhido em sacos
plásticos distribuídos pela administração.
Em 2005, a Zoobotânica deu um salto de qualidade. Como foi isso?
Há uma interação muito grande com a Sema e um voto de confiança do governador
para operar as modificações necessárias nos diferentes órgãos executivos da
instituição. Temos feito, principalmente, reformas no Parque Zoológico, que
ainda carecia de uma melhor infra-estrutura. Até o ano passado, o parque nem
mesmo era cercado, sua área de 160 hectares ficava totalmente aberta. E mais:
apesar de seus mais de 43 anos, o Zoológico ainda não dispunha de registro
junto ao Ibama, que agora está sendo regularizado.
Em termos do Museu de Ciências Naturais, há pouco inauguramos o serpentário,
lançamos o livro comemorativo aos 50 anos Pesquisando a Biodiversidade Gaúcha e
o Almanaque do Museu, além de oferecermos todas as condições para que os
pesquisadores continuem vigilantes sobretudo com a biodiversidade. No Jardim
Botânico, fizemos toda a recuperação e modernização da estufa, editamos o Guia
do Visitante e o Plano Diretor, que traça a as diretrizes para os próximos anos.
Quais os desafios da Fundação neste ano?
Para 2006, há algumas limitações orçamentárias e muitos sonhos. Entre eles,
planejamos uma nova biblioteca, precisamos recuperar a rede elétrica do prédio
principal e modernizar a rede de computadores. Os principais projetos envolvem
o Parque Zoológico, maior órgão executivo da Zoobotânica, em função dos 1,2 mil
animais que o complexo de Sapucaia abriga. Por exemplo, alargar a via de acesso
ao novo estacionamento, diminuindo assim o trânsito de veículos junto aos
animais. O local vai ocupar uma área de 11,8 mil metros quadrados, que foram
desbastados, compactados, aplainados e cobertos por uma camada sólida de saibro.
O projeto técnico de engenharia do estacionamento, feito por profissionais do
Daer, incluiu o desenho de uma rede de canalização que evita alagamentos em
dias de chuva e que será construída com materiais de resistência e durabilidade.
Foi também aberta uma rua entre as novas instalações e a área de churrasqueiras,
permitindo que veículos de passeio lá cheguem sem utilizar o trecho de rua
entre o recinto dos guanacos e o do elefante. A interdição do espaço ao
trânsito motorizado atende a uma antiga aspiração dos funcionários do Zôo, em
nome da saúde dos animais, a mesma que levou ao fechamento do velho
estacionamento atrás da rua dos primatas. A partir do funcionamento das novas
facilidades o parque exibe uma das maiores áreas (senão a maior) entre os
zoológicos brasileiros, para acolhimento de veículos. Ainda precisamos
providenciar a troca do telhado da administração, fazer um novo almoxarifado e
também reformar o Restaurante Central.
(Informações do Palácio Piratini,
14/03/06)
http://www.fepam.rs.gov.br/noticias/noticia_detalhe.asp?id=821