Poluição contamina ilhas de Vitória (ES)
2006-03-15
As multinacionais Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e Arcelor Brasil (CST) são as principais causadoras da poluição nas Ilhas do Frade e do Boi, em Vitória, e na Prainha, em Vila Velha. Nas ilhas em Vitória, as emissões das indústrias respondem por 57% dos poluentes, e em Vila Velha, por 49% da poluição.
Os dados que apontam que as indústrias são a maior fonte de poluição foram apurados em pesquisa realizada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), no Laboratório de Aerossóis e Bioescoamento (LAB), coordenado por Rogério Queiroz.
Nos dados divulgados não há indicação das fontes de poluição. Mas as usinas da CVRD e Arcelor Brasil - CST ficam na direção do vento dominante na região, o nordeste, e em linha reta com as Ilhas do Boi e do Frade, além da Prainha. Não existe possibilidade de que os poluentes encontrados nestes locais não sejam emitidos pelas duas multinacionais.
Nas Ilhas do Boi e do Frade, segundo a pesquisa, além dos 57% de poluentes emitidos pela indústria, a poluição provocado pelos solos representa 35% do total e do mar (aerossóis) 8%.
Já na Prainha, em Vila Velha, as indústrias respondem por 49%; os solos 48%, e o mar, 3%.
Em outros locais da Grande Vitória, como em Bela Aurora, Cariacica, a pesquisa apontou que as indústrias (a maior da região é a Arcelor Brasil - Belgo) respondem por 15% dos poluentes; os solos (ruas não calçadas) 80%, e os veículos 5%.
A poluição oriunda dos solos prevalece em Laranjeiras, na Serra, com 75%, e em São Pedro, com 75% (20% da queima de vegetais), e na Praia do Canto, em Vitória, com 50% (aqui, os veículos respondem por 30% da poluição, ainda segundo a pesquisa).
Os dados foram apurados nos meses de janeiro e fevereiro deste ano.
As partículas maiores, que forma a poeira negra, provocam doenças alérgicas e rinites, entre outras, e ficam presas nas partes superiores das vias respiratórias. Causam danos econômicos, inclusive por depreciar os imóveis.
Já as partículas menores que dez micra (1 micra equivale à milésima parte do milímetro) são inaláveis e provocam doenças respiratórias graves. Alguns poluentes podem ter até 2 micra (são chamadas PM2). Muitas são acumuladas no pulmão, provocando doenças crônicas. Algumas até cânceres e outras deprimem o sistema imunológico, facilitando o desenvolvimento de doenças.
O LAB anunciou que também estudará a concentração destes poluentes, com coletas de amostras na Enseada do Suá e em São Pedro, em Vitória. Partículas finas podem ser transportadas pelo ar até por oito quilômetros, antes de serem decompostas. (Século Diário, 15/3)