Projeto inédito gerará biogás a partir de dejetos de suínos na Grande Cerro Largo
2006-03-15
O secretário estadual de Energia, Minas e Comunicações, Valdir Andres, informa que o projeto inédito para gerar biogás a partir do metano (CH4), obtido por meio do tratamento dos dejetos provenientes da criação de suínos, será bancado pela empresa Hamburgo Investimentos. O município de São Pedro do Butiá, na Grande Cerro Largo, será o pioneiro, com um projeto envolvendo 70 produtores rurais e 105 mil suínos. “A estimativa é investir R$ 13 milhões no município”, revela Andres. Outras quatro regiões do Estado ganharão a aplicação do mesmo projeto da Secretaria de Energia. Os municípios envolvidos estão situados no entorno de Santa Rosa, Harmonia, Carlos Barbosa e Capitão.
Na sexta-feira (10/03), o secretário firmou uma parceria com a empresa Energia Projetos e Investimentos (EPI), representante da alemã Schwenk Zement, para realizar um projeto-executivo de viabilidade técnica e econômica, com conclusão prevista até o final do mês. A partir disso, a CEEE entrará como garantidora do projeto, que receberá recursos da Hamburgo Investimentos. Assim, os suinocultores formarão uma Empresa de Propósito Específico (EPE) para colocar a iniciativa em prática.
“Este será o primeiro grande projeto de geração de energia por meio dos dejetos de suínos do Estado. Depois levaremos o modelo para outras regiões, com o envolvimento total de 191 mil suínos”, salienta Andres. A escolha dos locais para desenvolver o Projeto Suinogás foi feita a partir do resultado preliminar de um estudo realizado entre a Semc, a CEEE e a Unilasalle, através do Instituto de Tecnologia de Energia e Meio Ambiente de Canoas (Itemac). Segundo o secretário, a idéia é instalar um sistema integrado de tratamento dos dejetos, produção de energia e uso de biogás para transporte e reposição de nutrientes no solo.
Créditos de Carbono
Além disso, Andres pretende captar até R$ 15,5 milhões em cinco anos com a comercialização de créditos de carbono para o projeto, que tem a característica básica de não agredir o meio ambiente. “Em razão do seu alto grau de poluição, o metano é o gás mais rentável na obtenção de créditos de carbono”, diz o secretário. Afora a relevância econômica e social, com o incremento de valor à cadeia produtiva da suinocultura estadual, Andres ressalta a importância ambiental da iniciativa. O metano é 20% mais nocivo ao meio ambiente do que o gás carbônico. Por isso, o CH4 é um dos principais gases causadores do efeito estufa no planeta. “O resíduo de suínos, que geralmente ficam a céu aberto, é um dos sérios problemas ambientais que temos atualmente no Estado”, frisa.
Dos cinco projetos pré-aprovados para o Estado, três já possuem investimento privado garantido e os outros dois estão em busca de parceiros. Em Santa Rosa, a Alibem, a Suinosul e a Coopermil irão gerar biogás utilizando 34 mil suínos. Em Carlos Barbosa, a Cooperativa Santa Clara transformará os dejetos de 4,5 mil suínos em 506 m3/dia de biogás. As regiões de Harmonia e Capitão seguirão o modelo de negócios que está em desenvolvimento para São Pedro do Butiá, na Grande Cerro Largo.
“Agora, com o apoio da Secretaria de Energia, podemos dizer que o nosso projeto vai vingar”, avalia o prefeito de São Pedro do Butiá, Pedro Birk. Ele fala que o uso do biogás produzido com a matéria-prima dos dejetos de suínos pode gerar energia para abastecer as granjas, as propriedades rurais e os frigoríficos. “A energia excedente também pode se vendida, gerando uma renda extra ao produtor”, completa.
(Secretaria Estadual de MInas e Comunicações, 10/03/06)
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