Bush pretende intensificar campanha contra Irã, afirma Washington Post
2006-03-14
O governo dos EUA pretende realizar uma campanha contra os líderes religiosos do Irã em meio a esforços para aumentar a pressão sobre o país islâmico a fim de que desista de seu programa de armas nucleares, disse o jornal The Washington Post na segunda-feira(13/03). Membros do Instituto Hoover (da Universidade Stanford) que se reuniram duas semanas atrás com o presidente norte-americano, George W. Bush, o vice-presidente Dick Cheney e Stephen Hadley, assessor para a segurança nacional, disseram ao Post que, segundo parece, o governo adotava uma postura mais dura contra o Irã.
"A mensagem que recebemos é de que eles são favoráveis a fazer uma separação entre o povo iraniano e o regime", disse Esmail Amid-Hozour, um empresário norte-americano de origem iraniana que integra o quadro de diretores da Hoover. O jornal também disse que Bush, segundo assessores, estava agora gastando mais tempo com a questão do Irã e que o governo tinha convidado nos últimos meses algo entre 30 e 40 especialistas para realizar consultas.
O Irã, que tentava evitar que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) discutisse seu programa nuclear, suspeita que Bush esteja usando a questão como um pretexto para promover uma mudança de regime no país islâmico.Nesta semana, o Conselho de Segurança deve tratar do assunto depois de a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) haver enviado um relatório afirmando não ter sido capaz de verificar se o programa nuclear iraniano era totalmente pacífico.
QUESTÃO IRÃ GANHA ESPAÇO
O Post também afirmou que o Departamento de Estado dos EUA tinha criado na semana passada uma área dedicada ao Irã -- dez funcionários trabalham agora exclusivamente com as questões envolvendo o país. Esse número era de dois no ano passado. O departamento lançou ainda mais cursos de treinamento em farsi, a língua falada no Irã, e pretende criar um plano de carreira "iraniano", algo dificultado pelo fato de os EUA não manterem uma embaixada naquele país.
O subsecretário de Estado norte-americano, Nicholas Burns, afirmou ao Posto que o departamento também aumentaria o número de funcionários presentes em Dubai (Emirados Árabes Unidos) e em outras embaixadas nas proximidades do Irã, todos encarregados de observar o governo iraniano. Burns descreveu o novo órgão de Dubai como o "equivalente do século 21" à estação de Riga, na Letônia, encarregada de monitorar a União Soviética nos anos 30, quando os EUA não possuíam uma embaixada em Moscou.
Os esforços norte-americanos também incluem ampliar a duração do programa Voz da América para o Irã, de uma hora para quatro horas. Richard Haas, diretor de planejamento político do Departamento de Estado durante o primeiro mandato de Bush, afirmou ao jornal acreditar que os EUA deveriam negociar diretamente com os iranianos. Mas acrescentou: "A voz dominante é a dos que defendem uma mudança de regime e não a dos que defendem a intensificação da diplomacia."
(Reuters, 13/03/06)
http://www.swissinfo.org/spt/swissinfo.html?siteSect=143&sid=6545445&cKey=1142256919000