O governo do Irã rejeitou no domingo (12/03) a proposta de levar seu programa de enriquecimento de urânio para a Rússia, o que levou legisladores russos a criticar o país, dizendo que tal decisão destrói a única chance do país poder implementar seu programa nuclear. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Hamid Reza Asefi, chegou até a dizer que o país planeja realizar um programa de enriquecimento de urânio em larga escala no próprio país, em resposta à decisão da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) de levar o caso iraniano ao Conselho de Segurança (CS) da ONU.

A Rússia havia proposto ao Irã que levasse seu programa nuclear para território russo, o que permitiria um acompanhamento mais próximo da comunidade internacional. O país vinha sinalizando que a proposta poderia ser aceita. "A proposta russa não está mais em nossa agenda", disse Asefi. "As circunstâncias mudaram. Temos de esperar e ver como as coisas se darão" no CS, afirmou. O chefe do comitê de Assuntos internacionais da Câmara Baixa, Konstantin Kosachev, criticou o Irã, dizendo que sua recusa pode "radicalizar" o debate sobre o caso no CS, segundo a agência de notícias russa Interfax.

Petróleo
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, disse que seu país não pretende pressionar a comunidade internacional com racionamentos e cortes de fornecimento do petróleo se tiver seu caso levado ao CS --contradizendo, assim, o ministro do Interior iraniano, Mostafa Pourmohammadi, que ontem afirmou o exato oposto.O Irã é o segundo maior exportador do produto na Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), atrás apenas da Arábia Saudita. Os EUA e países da União Européia (UE) acusam o Irã de desenvolver um programa de enriquecimento de urânio para fabricar armas nucleares --ao que o país responde que o programa nuclear destina-se apenas à produção de energia.
(Folha Online, 12/03/06)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u93564.shtml