OMS ativará "força total" quando houver contágio entre humanos
2006-03-11
A Organização Mundial da Saúde (OMS) "colocará em andamento toda sua maquinaria" quando tiver uma "sólida suspeita" de que o vírus da gripe aviária poderia estar sendo transmitido entre pessoas, disse na sexta-feira (10/03) Keiji Fukuda, analista do órgão. "Até o momento, em quase todos os casos humanos, observou-se que o contágio do H5N1 veio claramente de aves. O que mais nos preocupa agora é que comece a transmissão entre pessoas, momento para prepararmos protocolos detalhados de atuação", disse Fukuda, diretor do programa da gripe aviária da OMS, em entrevista coletiva, em Genebra.
O temor da OMS é que, em algum momento, comece o contágio rápido entre pessoas do vírus da gripe aviária - que até agora matou mais da metade das pessoas que contagiou - ou de algum variante igualmente agressivo. Diante dessa possibilidade, a OMS está há meses preparando um manual sobre como conter, com a maior eficácia possível, a expansão do vírus e, assim, ganhar tempo para que os países aumentem sua capacidade de resposta, e os pesquisadores encontrem uma vacina, que poderia demorar entre 4 e 6 meses, segundo Fukuda.
Esse manual inclui medidas como o isolamento total dos doentes e das pessoas que tiveram contato com eles e, portanto, expostas ao vírus, ao mesmo tempo em que considera as questões "éticas" que podem derivar de sua aplicação. "Não podemos confiar apenas nos antivirais para lutar contra uma pandemia", especialmente quando "não se têm dados contrastados de sua eficácia", disse o responsável da OMS.
Por isso, os analistas também detalham em seu protocolo que os Governos devem estar preparados para, quando chegar a hora, evitar grandes concentrações de pessoas através da proibição de congressos ou grandes encontros empresariais, fechar as escolas durante um tempo ou restringir as viagens.
Além disso, será criado um grupo de cerca de cem especialistas em diferentes áreas, que assessorará os Governos na aplicação das medidas de quarentena e "dispersão social". "É impossível prever em que parte do mundo surgirá o primeiro foco", já que este desafio "deve ser visto com uma dimensão global", explicou. Sobre os recentes casos de mamíferos infectados, o especialista esclareceu que é o tipo de evolução mais provável do vírus da gripe de origem aviária antes de chegar aos humanos.
(EFE, 10/03/06)
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