Rota dos Cata-Ventos nasce espontaneamente nos arredores de Osório
2006-03-14
Nunca as estradas vicinais do Capão da Areia pegaram tanto movimento. Aumentou nas últimas semanas o número de viajantes que se desviam espontaneamente de suas rotas pelas estradas asfaltadas do litoral norte para ver de perto a usina eólica de Osório, cuja silhueta até em dias de céu nublado já se destaca no horizonte. Mesmo com apenas três dos 75 cata-ventos prontos, a obra da Ventos do Sul Energia S.A. atrai e deslumbra os visitantes.
Garbosos dentro dos seus uniformes marrons nas duas guaritas do principal canteiro da construção no Capão da Areia, de frente para a Penitenciária Modulada de Osório, os guardas da Prossegur já se acostumaram às máquinas fotográficas e não regateiam detalhes do colosso aos visitantes: as torres de concreto têm 98 metros de altura e pesam 810 toneladas, cada uma das três hélices têm 35 metros de comprimento e...daqui a pouco Lula vem aí pra inauguração!
É o grande assunto na cidade. Na manhã do último sábado, numa entrevista ao programa matutino Olho Vivo, da Rádio Osório AM, o vereador Gilmar Luz, presidente da Câmara Municipal, disse que depois da temporada de verão, quando cai a procura pelas praias do litoral norte, a Rota dos Cata-Ventos se impõe como o carro-chefe da política de turismo do município. Pela primeira vez em 150 anos de vida municipal, as autoridades da antiga Conceição de Arroio (que perdeu o nome para o general Osório em 1934) começam a encarar o vento como um aliado.
Convictos de que a Sorte parou na cidade para uma longa visita, os mandachuvas locais trabalham para fazer da usina eólica uma espécie de despertador da (nova) vocação empresarial de Osório. Atuando em parceria, a Ventos do Sul e a prefeitura estão promovendo aos sábados pela manhã visitas monitoradas de empresários e técnicos ao canteiro de obras no Capão de Areia. Além de satisfazer a curiosidade diante de obra tão inusitada, o objetivo das visitas é criar motivação para a abertura de novos negócios. Transportados em micro-ônibus, esses visitantes são os pioneiros de um promissor fluxo de turismo científico-ambiental.
Tendo a usina eólica como âncora e chamariz, acredita-se que Osório esteja começando a reunir agora as condições de explorar de forma sustentável seus recursos naturais, em especial as lagoas onde já se praticam esportes náuticos, as várzeas propícias às atividades eqüestres e as serranias onde se pode voar, pedalar, tomar banho de cachoeira e viajar na gastronomia de diversas etnias presentes no interior gaúcho.
Até agora, o mais notório investidor no potencial do turismo eólico de Osório é o engenheiro porto-alegrense Ralph Dieter Rahn: desde o final do ano passado ele procura um terreno para implantar uma pousada para atender os visitantes (especialmente de excursões estudantis) dos cata-ventos. Ele se inclina pela margem leste da Lagoa dos Barros, perto de onde está sendo construído um segmento do parque eólico da Ventos do Sul.
A despeito de sua fama de mal-assombrada, a Lagoa dos Barros está sendo “descoberta” por esportistas radicais da região metropolitana de Porto Alegre que até pouco tempo atrás velejavam nas águas do estuário dos rios Guaíba, Gravataí e Jacuí. Marco Antonio Rodrigues da Silva (“Bola”), pioneiro do wind surf em Osório, diz estar convencido de que a Lagoa dos Barros vai se tornar um ponto internacional de velejo. Por isso construiu um amplo galpão-escola à altura do km 5 da Free Way, onde vem preparando uma raia para futuras competições.
Por Geraldo Hasse, de Osório, para O Diário dos Ventos, série exclusiva do Ambiente Já e Jornal Já – www.jornalja.com.br.