(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-03-14
O economista José Eli da Veiga, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), participará dia 20, às 11 horas, de um debate sobre seu novo livro, Meio Ambiente & Desenvolvimento, que está sendo lançado pela Editora Senac. A obra analisa a compatibilidade entre desenvolvimento humano e crescimento econômico, a possibilidade de um desenvolvimento ambientalmente sustentável e os principais ciclos de desenvolvimento da humanidade nos últimos 10 mil anos.

Após uma exposição inicial do autor, o livro será comentado pelos economistas Eduardo Giannetti da Fonseca (Ibmec) e Sergio Besserman Vianna (PUC-Rio). A abertura será feita pelo professor Joaquim Guilhoto, chefe do Departamento de Economia da FEA, que promove o evento em parceria com o Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC). Na sequência a palavra será franqueada ao auditório.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Segundo José Eli da Veiga, embora os primeiros grupos dedicados à proteção da natureza tenham sido organizados na Grã-Bretanha na década de 1860, foi somente na segunda metade do século XX que o ambientalismo ganhou consistência, tornando-se uma força social geradora de novo vetor político. A novíssima expressão "desenvolvimento sustentável" foi publicamente empregada pela primeira vez em Simpósio das Nações Unidas sobre as Inter-relações entre Recursos, Ambiente e Desenvolvimento realizado em 1979. E começou a se legitimar como o maior desafio deste século quando Gro Harlem Brundtland, presidente do Conselho Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a caracterizou como "conceito político" perante a Assembléia Geral da ONU de 1987.

Para o autor, o adjetivo "sustentável" tem três tipos básicos de usuários: os panglossianos, para os quais não há dilemma entre conservação ambiental e crescimento econômico; os apocalípticos, que invocam a inexorável entropia; e os do meio, onde está a maioria dos analistas não dogmáticos, com posições que podem variar de "A" a "Z", justamente porque não é possível (ainda) demonstrar uma das duas possibilidades extremas da polêmica.

DESENVOLVIMENTO HUMANO
Veiga sustenta que "só há desenvolvimento quando os benefícios do crescimento servem à ampliação das capacidades humanas, entendidas como o conjunto das coisas que as pessoas podem ser ou fazer na vida. E são quatro as mais elementares: ter uma vida longa e saudável, ser instruído, ter acesso aos recursos necessários a um nível de vida digno e ser capaz de participar da vida da comunidade". As pessoas, diz ele, são as verdadeiras riquezas das nações. Na verdade, o objetivo básico do desenvolvimento é alargar as liberdades humanas. O processo de desenvolvimento pode expandir as capacidades humanas, ampliando as escolhas que as pessoas têm para para ter vidas plenas e criativas.

Essa linha de abordagem do desenvolvimento tem sido defendida por todos os Relatórios do Desenvolvimento Humano, desde o primeiro, em 1990. Com base nessa orientação, o autor fala sobre os indicadores de desenvolvimento humano, entre eles o IDH, considerado um ponto de partida, e o DNA-Brasil, mais avançado, formulado pelo Núcleo de Políticas Públicas da (NEPP), da Unicamp, que usa 24 indicadores referentes a sete dimensões: bem-estar econômico, competitividade econômica, condições socioambientais, educação, saúde, proteção social básica e coesão social. O DNA é, na verdade, uma estrela cujas pontas e ângulos internos mostram o Brasil próximo da Espanha na participação de setores de média e alta intensidade tecnológica na pauta de exportação, ou na cobertura previdenciária para maiores de 65 anos.

No entanto, a mesma estrela do índice DNA evidencia que o Brasil está a léguas de distância da Espanha em adolescentes com filhos, participação nas exportações mundiais, mortalidade infantil e desempenho dos alunos no programa internacional de avaliação de estudantes (PISA).

Assim como o desenvolvimento humano não pode ser representado por um único número, a análise do desenvolvimento sustentável requer o monitoramento de diversos indicadores. "Isso não impede", diz Veiga, "que se procure elaborar um índice de sustentabilidade ambiental, para que possa ser comparado com outros índices de desenvolvimento". O livro cita o índice sustentabilidade ambiental elaborado por pesquisadores das universidades de Yale e Columbia, que considera cinco dimensões: sistemas ambientais, estresses, vulnerabilidade humana, capacidade social e institucional, e responsabilidade global.

Veiga afirma que a despeito dos aumentos sem precedentes da opulência global, o mundo atual nega liberdades elementares a um grande número de pessoas, talvez até à maioria. Às vezes a ausência de liberdades substantivas relaciona-se diretamente com a pobreza econômica, que rouba das pessoas a liberdade de saciar a fome, de obter uma nutrição satisfatória ou remédios para doenças curáveis, a oportunidade de vestir-se ou morar de modo apropriado, a possibilidade de ter acesso à água tratada ou saneamento básico.

Em outros casos, a privação de liberdade vincula-se estreitamente à carência de serviços públicos e assistência social. Como, por exemplo, a ausência de programas epidemiológicos, de um sistema bem planejado de assistência médica e educação, ou de instituições eficazes para a manutenção da paz e da ordem locais. Há ainda situações em que a violação da liberdade resulta diretamente de uma negação das liberdades políticas por regimes autoritários e de restrições impostas à liberdade de participar da vida social, política e econômica da comunidade.

QUALIDADE DE VIDA E NÍVEL DE RENDA
Um país, argumenta o autor, não precisa esperar pelo longo período de crescimento econômico que o levará a ser muito rico antes de lançar-se na rápida expansão da educação básica e dos serviços de saúde. A qualidade de vida pode ser muito melhorada, a despeito dos baixos níveis de renda, mediante um programa adequado de serviços sociais. O fato de a educação e os serviços de saúde também serem produtivos para o aumento do crescimento econômico corrobora o argumento em favor de dar-se mais ênfase a essas disposições sociais nas economias mais pobres, sem ter de esperar "ficar rico" primeiro.

O livro tem cinco capítulos: Desenvolvimento Humano, Crescer sem destruir, Uma longa história, Repensar o Desenvolvimento e Resgate da Utopia.
(USP/FEA, 13/03/06)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -