80 mil tartarugas são devolvidas à floresta
2006-03-13
A ação emergencial para resgatar ovos de tartarugas e jabutis, deflagrada durante a seca que castigou a Amazônia no ano passado — a pior em quatro décadas —, começa agora a mostrar seu êxito. Os 80 mil ovos recolhidos na ocasião por técnicos, voluntários e ribeirinhos deram origem a animais que, hoje, já são crescidos o suficiente para serem devolvidos à floresta.
A temporada de soltura começou em 24 de fevereiro. Cerca de 70 mil jabutis e tartarugas serão liberados até o próximo domingo — são os que foram recolhidos por pesquisadores e estudantes voluntários do Projeto Pé-de-Pincha, que faz esse trabalho desde 1999. Outros 10 mil, encontrados por moradores da região no segundo semestre do ano passado e protegidos durante todo o verão, devem ser liberados até 24 de abril, segundo o coordenador do projeto, Paulo Andrade.
A principal ameaça aos ovos de espécies de quelônios são os predadores, animais e humanos. Tanto a carne quanto o casco das tartarugas são produtos comerciais bastante apreciados, o que incentiva a caça ilegal. Para protegê-los, o Pé-de-Pincha retira os ovos das praias de rios, onde geralmente ocorre a desova, e os levam para locais protegidos, planos, sem riscos de inundação e protegidos por telas, em comunidades ribeirinhas. Esses “berçários” abrigam os animais depois do nascimento até a época em que seus cascos ficam suficientemente duros para protegê-los. Os técnicos do projeto procuram, sempre que possível, devolver os quelônios às mesmas praias onde seus ovos foram encontrados.
Ao todo, o trabalho do Pé-de-Pincha envolve 3.500 pessoas, entre pesquisadores, alunos voluntários do curso de Ciências Agrárias da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), e moradores de comunidades dos municípios de Terra Santa, Oriximiná e Juruti (no Pará) e de Nhamundá, Parintins e Barreirinha (no Amazonas). Desde 2004, ele conta com o apoio do PROVÁRZEA/IBAMA (Programa de Apoio ao Manejo dos Recursos Naturais da Várzea), desenvolvido em parceria com o PNUD.
(PrimaPagina/PNUD, 12/03/06)