Pesquisadores descobrem minhoca dada como extinta
2006-03-13
Por puro acaso, pesquisadores acharam uma espécie de minhoca que era dada como extinta desde 2003. A rara minhoca branca, com seus 10 cm de comprimento, ainda existe. Vive pelos solos do Parque Estadual do Itacolomi, na região de Ouro Preto, em Minas.
Os pesquisadores em questão, da Embrapa Soja (unidade de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e de duas universidades americanas, haviam se embrenhado na mata atlântica mineira à procura de minhocas. A presença desses invertebrados no solo é um "indicador ambiental" - quanto maior a população de minhocas nativas, mais conservada é a terra.
O grupo deparou com o supostamente extinto animal em 7 de fevereiro. "Achamos uma minhoca do gênero Fimoscolex e imaginamos: será que é a Fimoscolex sporadochaetus?", conta George Brown, da Embrapa Soja, um dos poucos especialistas em minhocas do País.
A minhoca branca não pode ser reconhecida facilmente a olho nu. Por isso, foi levada para o laboratório, dissecada e examinada. "Quando chegamos à conclusão de que realmente era ela, foi aquela alegria", lembra Brown.
Antes disso, a discreta F. sporadochaetus havia sido vista apenas duas vezes. A primeira foi em 1918, em Belo Horizonte. A segunda aparição ocorreu 51 anos mais tarde, na cidade mineira de Conselheiro Lafaiete.
Como nunca mais se teve notícia dela depois disso, a minhoca entrou em 2003 para a lista oficial de espécies brasileiras extintas. Para que essa relação seja atualizada, o Ministério do Meio Ambiente já foi informado do paradeiro da minhoca branca.
Embora pouco se fale delas, as minhocas têm sua utilidade. Auxiliam na decomposição de material orgânico, ajudam na estruturação do solo e facilitam a absorção de água e gases na terra, entre outras tarefas.
George Brown lamenta que a extinção de invertebrados não tenha o mesmo apelo da de mamíferos. "As minhocas são importantes na natureza, assim como a onça pintada e o lobo-guará."
Apesar de a minhoca branca continuar ameaçada, não será necessário criá-la em cativeiro. O animal vive num dos parques mais protegidos de Minas.
(O Estado de S. Paulo, 12/03/06)