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2006-03-13
A Serra do Espinhaço recebe o primeiro mapeamento da riqueza biológica da região a partir desse mês. Durante três dias, cerca de 40 especialistas vão qualificar as informações sobre sua biodiversidade e ameaças além de recomendar as estratégias e ações de conservação para essa área. O workshop: “Diagnóstico do status do conhecimento da biodiversidade e da conservação do Espinhaço”, irá ocorrer entre os próximos dias 13 e 15, na Pousada Fazenda Monjolos, Serra do Cipó (MG). Parte do projeto Espinhaço Sempre Vivo, desenvolvido pelas organizações não-governamentais Instituto Biotrópicos e Fundação Biodiversitas com o apoio da Conservação Internacional (CI-Brasil), o diagnóstico é o primeiro investimento na área após o reconhecimento da porção mineira como Reserva da Biosfera, pela Unesco, em junho do ano passado.

De posse de um Banco de Dados, com 5,9 mil registros de ocorrências de espécies de plantas e animais, reunidas com a contribuição de pesquisadores ao longo de cinco meses, os participantes criarão mapas detalhados desse patrimônio natural: o estado de conservação de grupos de fauna e flora, a sua distribuição, as ameaças potenciais, o grau de proteção atual e a análise de custo-benefício.

O diretor do Programa Cerrado da Conservação Internacional, Ricardo Machado salienta que o diagnóstico identificará os locais prioritários para conservar a maior diversidade de espécies, bem como quais serão as medidas mais eficazes para a proteção. “Junto com os órgãos públicos, ONGs e universidades parceiras vamos buscar recursos para implementar a proteção do Espinhaço conforme os resultados apontados durante o workshop”, adianta. Ele observa que a ferramenta utilizada para o planejamento inclui as últimas recomendações da Convenção sobre Biodiversidade Biológica (COP7), e está sendo aplicada de forma pioneira nessa porção do Cerrado pela CI- Brasil.

Endemismos e ameaças - Formada por um contínuo de serras que se estende por mais de mil quilômetros - do quadrilátero ferrífero de Minas Gerais até a Chapada Diamantina, na Bahia -, a Cadeia do Espinhaço é o divisor dos Hotspots mundiais da Mata Atlântica e do Cerrado, ambientes que abrigam a maior diversidade biológica e estão entre os mais ameaçados do planeta. O complexo montanhoso apresenta uma das vegetações brasileiras mais ricas em endemismos, que somente ocorrem naqueles ambientes, como sempre-vivas, canelas-de-ema, orquídeas e bromélias, entre as quais, muitas correm risco de extinção. Aproximadamente 2/3 das espécies vegetais consideradas ameaçadas de extinção em Minas Gerais ocorrem nos campos rupestres desta formação. “Apesar da existência de pesquisas que apontam para a ocorrência de elevado número de espécies endêmicas e ameaçadas, esse é o primeiro esforço para sua sistematização”, ressalta a Superintendente Técnica da Biodiversitas, Gláucia Drummond.

O biólogo e pesquisador do Instituto Biotrópicos, Alexsander Araújo Azevedo, elenca sérios problemas ambientais na região, tais como as queimadas, a mineração, a expansão imobiliária, a agropecuária e os reflorestamentos com espécies exóticas. “È preciso também mapear as ameaças para enxergar onde devem se concentrar os esforços para evitar a destruição do que hoje chamamos de Reserva da Biosfera”.

Estarão presentes no workshop, profissionais de oito universidades brasileiras de seis estados (Minas Gerais, Bahia, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal); representantes do poder público e de Organizações Não-Governamentais.

São apoiadores do evento, o PPG em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre, da UFMG; Ibama, Projeto Manuelzão e Pousada Fazenda Monjolos.
(Conservação Internacional – CI, 12/03/06)

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