Um arroio que morre
2006-03-13
Por Giácomo Mancini *
Boa parte da minha adolescência passei em São Lourenço do Sul.
Muitas vezes neveguei num pequeno veleiro com o Laurence pelo Arroio São Lourenço
até chegar a Lagoa dos Patos.
Muitas famílias inteiras passavam boa parte da noite pescando ou arrastando redes
de camarão no encontrp das águas do arroio com a lagoa.
O pôr do sol, o Encontro de Vela, esportes náuticos...
O que ficou na memória, foram imagens fantásticas de um lugar que me viu crescer
e que viu também tantos amigos se dispersarem.
Agora recebo uma foto do arroio que sempre sofreu com a poluição de madeireiras
de curtumes. Mas jamais pensei que estivesse nessa situação.
Minha amiga Isabel Roveré me pede socorro. O que fazer?, pergunta ela.
Mande fotografias para os jornais, para sites de notícias, para as ONGs que
trabalham com o meio ambiente.
Encontre peixes e outros animais mortos. É mais fácil sensibilizar as pessoas
quando há morte!
Organize passeata de estudantes! Convença os professores a levar as crianças para
fechar o trânsito e ligue para as redações.
Envolva a comunidade de uma maneira mais forte na defesa do arroio.
Aí, em vez de o poder público explicar que em três dias o "mau cheiro passa", os
reponsáveis vão ser obrigados a achar as fontes da poluição.
Aí, em vez de o poder público se preocupar em reeleição, os futuros candidatos
vão ser obrigados a estabelecer políticas de meio ambiente.
Só lembrar do Arroio São Lourenço na época do Encontro da Vela, não adianta.
Daqui, longe, o que posso eu fazer senão dar palpites?
* Giácomo Mancini é jornalista e autor do blog gmancini.blogspot.com
(Giácomo Mancini Blog, 05/03/06)