Lucas do Rio Verde (MT) contabiliza prejuízos pelo despejo de dessecante
2006-03-13
Não há dúvidas de que houve pulverização de herbicida sobre Lucas do Rio Verde, mas ainda não se sabe qual o dessecante utilizado nem os responsáveis pelo incidente. Na última quarta-feira (08/03), um grupo de técnicos e representantes do Fórum Mato-Grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad) foi até o município fazer um levantamento nos sítios atingidos.
O grupo esteve reunido com representantes do Ministério Público e das secretarias de Saúde, Agricultura e Meio Ambiente do município, coletando informações e verificando as medidas adotadas em relação ao caso.
"Realmente há sinais de utilização de dessecante na cidade e está claro que isto aconteceu. Muitos sítios foram atingidos e alguns tiveram seus pomares completamente afetados e a produtividade das hortaliças está caindo; muitos frutos e flores morreram", relata Rodrigo Ferreira de Moraes, secretário executivo do Formad.
Um dos maiores prejuízos já identificados é o horto de plantas medicinais do Instituto Padre João Peter, que foi completamente destruído pelo dessecante. "Todo o trabalho de anos da instituição está sacrificado", lamenta a bióloga Lindonésia Andrade, coordenadora do Instituto, que desenvolve projetos de estudo e difusão de plantas medicinais no município.
Rodrigo Moraes afirma que o objetivo da visita, além de verificar o impacto da contaminação na população e nos pequenos proprietários do município, é analisar o processo de desenvolvimento de Lucas do Rio Verde e propor um modelo alternativo, dentro do projeto Mato Grosso Sustentável e Democrático - MTSD.
A suspeita é de que um avião agrícola tenha pulverizado o município com paraquate, um herbicida dessecante vendido com o nome comercial de Gramoxone, de largo uso na lavoura de soja no país. O produto é altamente tóxico, prejudicial ao meio ambiente e altamente solúvel em água. As normas técnicas exigem condições específicas de temperatura e velocidade do vento para a aplicação de defensivos agrícolas.
Por Gisele Neuls, Estação Vida