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2006-03-13
Apesar de inspirar precauções, são remotas as chances do vírus influenza H5N1, causador da popular gripe do frango, chegar ao Brasil através das aves migratórias, meio de mais difícil controle da transmissão do mal entre os países. A afirmativa é quase um consenso entre os pesquisadores destas espécies do estado. “Tudo é possível, mas por enquanto as chances são pequenas. É um problema do Velho Mundo e as aves migratórias não circulam entre o Velho e o Novo Mundo”, esclarece o chefe do Laboratório de Elasmobrânquios e Aves Marinhas da Fundação Universidade de Rio Grande (Furg), Carolus Maria Vooren.

O alarde dos gaúchos com a possibilidade da entrada no estado deste vírus por meio das aves migratórias é ainda mais intenso que no resto do país. Isto porque o Rio Grande do Sul abriga o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, situado entre a Lagoa dos Patos e o oceano, e que anualmente recebe milhares de espécies de aves provenientes dos mais distantes pontos, desde a região ártica da América do Norte até a Patagônia. “O fato é que muitas aves migratórias vêm para o Rio Grande do Sul, tanto para o litoral quanto para o interior”, enfatiza Vooren.

Este cenário, no entanto, não causa grandes preocupações aos pesquisadores, já que as Américas não fazem parte da rota migratória das aves que hoje habitam a Ásia e a Europa, onde o vírus já foi detectado. Como até então não foi registrado nenhum caso da gripe do frango nas Américas, e não existe movimento migratório regular de aves entre estas e os continentes afetados, a tendência é que o mal não atinja, ao menos desta forma, a região. “É muito mais provável a introdução desta doença por outros meios, principalmente pelo trânsito ilegal de animais domésticos como papagaios, periquitos e araras”, ressalta o ornitólogo e pesquisador do Museu de Ciências Naturais de Porto Alegre, da Fundação Zoobotânica do Estado, Glaissom Bencke.

Apesar da tendência positiva, não há garantias que o cenário atual irá se manter por muito tempo. Não há meios 100% seguros de se evitar a entrada da doença no Brasil, mas para prevenir seu ingresso os pesquisadores acompanham os caminhos do vírus e realizam análises para verificar sua presença nas aves migratórias que cruzam as fronteiras brasileiras.

A secretaria de Saúde do estado realizou em novembro do ano passado a última captura de animais, quando 75 exemplares foram estudados, e em nenhum deles foi detectado o vírus. A coleta foi a terceira realizada pelo órgão, que anteriormente já havia analisado um total de 650 animais. Até a metade do ano a secretaria deve colocar em prática projeto de estadualização das análises para ampliar este controle.

Em nota técnica divulgada no último mês de novembro, a Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão sujeito ao Ministério do Meio Ambiente, expôs a questão. “A chegada do vírus da gripe aviária ao país deve ser considerada apenas como uma possibilidade e não como uma certeza”, posicionou-se o Ministério. “Fatores como a posição geográfica privilegiada, a inexistência de rotas de aves migratórias da Ásia para a América do Sul e o fato do Brasil ser exportador de aves reduzem sensivelmente as chances de entrada desta doença. Ainda assim, todo o tipo de precaução não deixa de ser necessária”, concluiu.

Mutação do vírus surpreende

Como qualquer outro vírus influenza, o H5N1 também possui uma grande capacidade de mutação. É esta a principal preocupação dos cientistas, já que é impossível prever tais mutações e até mesmo possíveis que ocorrerão, quando e quais serão suas conseqüências. “Ele pode se tornar mais perigoso ou mais ameno ao ser humano, depende de como irá se adaptar”, explica o vice-diretor do Instituto de Biologia e professor de Virologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Paulo Roberto Post, otimista em relação ao tema. “Existe sempre uma tendência à adaptação das espécies. Com o passar dos anos, o índice de mortalidade poderá talvez até diminuir”.

Hoje as aves são as grandes portadoras e transmissoras do H5N1. Enquanto as silvestres, como patos e marrecos selvagens, apenas carregam o vírus no sangue, as domésticas, como galinhas, adoecem. Casos de contaminação em mamíferos também podem ocorrer. “Em princípio qualquer animal de sangue quente pode se contaminar”, esclarece o professor Post.

Até agora a transmissão para seres humanos foi comprovada apenas através do contato indireto, com as secreções de aves infectadas, ou do contato direto com aves infectadas. Existem indícios de que em alguns casos tenha ocorrido a contaminação de humano para humano, mas até agora esta não foi confirmada. A possibilidade que este vírus sofra mutações e se torne transmissível entre o homem é a grande preocupação dos cientistas, já que o fato pode ocasionar uma pandemia - epidemia em escala internacional.

Sintomas

A pessoa infectada pela gripe aviária apresenta sintomas semelhantes ao da gripe comum, como mal-estar, febre, dor de garganta e tosse, além de, em alguns casos, conjuntivite.

O primeiro caso de transmissão do vírus H5N1 para o homem foi verificado na Ásia, em 1997. De então até hoje, 174 casos já foram confirmados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), na Indonésia, Vietnã, Tailândia, Camboja, China, Turquia, e mais recentemente, Iraque. Destes, 94 acabaram com a morte do infectado, o que significa que a taxa de mortalidade do vírus em humanos se aproxima de 50%. Apesar de aves - especialmente cisnes - contaminados terem sido encontrados na Europa, até agora nenhum caso foi verificado em seres humanos naquele continente.

Pesquisa aponta que não há como prever a chegada da doença ao Brasil “Não há como estabelecer uma data para a chegada do vírus da influenza aviária ao Brasil”. A afirmação é da pesquisadora Liana Brentano, da Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia, Santa Catarina, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Liana resolveu esclarecer o assunto, após a publicação em vários órgãos de imprensa que a Embrapa estaria afirmando que a doença chegaria ao país em setembro deste ano. “Hoje, existe a possibilidade, até mesmo, da doença não ser registrada no Brasil. Portanto, é temerário fazer afirmações definitivas com base em probabilidades”, disse a pesquisadora.

A suposição de que o vírus da influenza aviária, mais conhecida como gripe do frango, chegaria ao Brasil em setembro surgiu de simplificação em torno das probabilidades de disseminação do H5N1. A Embrapa pesquisa o assunto e repassa informações, com base em análises de especialistas de diferentes países e organizações internacionais da área de saúde humana e animal, sobre evidências de que a disseminação do vírus da Ásia para a Rússia, Europa e África está associada, em parte, a determinadas rotas de migração de aves silvestres.

A ocorrência de migrações de aves da Europa para o Ártico, da Groenlândia para o Canadá e Estados Unidos, seria um dos fatores de risco para a chegada do vírus à América do Norte. No caso do vírus H5N1 ser registrado no hemisfério norte, a rota migratória que existe do hemisfério norte para o sul, que faz com que as aves migrem a partir de setembro para a América do Sul, pode vir a ser fonte de risco de chegada do vírus ao Brasil. “Esses dados não afirmam que o vírus chegará em setembro, mas apenas indicam uma das diferentes probabilidades de riscos de disseminação”.

Diante das muitas incertezas a respeito de como e se o vírus chegará à América do Sul, todas as vias de risco (e estas incluem outros deslocamentos de aves) têm que ser consideradas e receber a devida atenção. “Isso não significa de modo algum a instalação de pânico e alarmismo a partir de previsões baseadas em probabilidades”, afirmou a pesquisadora.

Para Liana Brentano, nem a chegada do H5N1 à América do Norte significa que a doença fatalmente estará no Brasil. Alguns vírus de influenza aviária de outros subtipos, diferentes do H5N1, mas também altamente patogênicos a galinhas, foram diagnosticados anteriormente nos Estados Unidos e jamais chegaram ao país. O Canadá e Estados Unidos têm, historicamente, sido capazes de conter rapidamente a ocorrência de vírus de influenza. Deve-se contar, então, com a possibilidade de que os sistemas de controle dos países norte-americanos possam minimizar os riscos de disseminação do vírus. A pesquisadora ressaltou também que existem entendimentos equivocados sobre o risco à saúde da população.

Pelo que foi apurado até agora, a gripe do frango somente é transmitida aos humanos por meio de aves domésticas (frangos, galinhas, patos, marrecos e outros). Não há prova definitiva sobre a transmissão do vírus entre humanos. Outra informação importante é a de que o consumo de carne de frango inspecionada e cozida não representa riscos. O H5N1 não resiste a temperaturas acima de 60 graus centígrados. O Mapa elaborou, em parceria com todos os segmentos envolvidos com a avicultura brasileira, plano de contingência para evitar a entrada da influenza aviária no país. O plano também prevê as medidas que devem ser tomadas caso seja localizado algum foco da doença.
(Diário Popular, 12/03/06)

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