Ao longo do tempo, foi difundida a idéia de que os peixamentos, como ações isoladas, poderiam recompor populações de peixes reduzidas pela alteração e degradação de seus ambientes originais. A expressão mais característica dessa maneira pontual e equivocada de tratar um problema com dimensões bem mais profundas e amplas é constatada nas sentenças proferidas em alguns julgamentos de crimes ambientais. Peixamentos são tão comuns e tão bem aceitos que, durante a realização de estudos de impacto ambiental em rios do leste brasileiro, as populações das áreas envolvidas têm pedido que sejam propostos como uma das medidas reparadoras para a perda de espécies de peixe. Da mesma forma, alguns órgãos ambientais muitas vezes exigem a adoção de peixamentos como medida reparadora de impacto. O poder público e empresas privadas também exploram esse filão, usando os peixamentos como propaganda, em geral nas comemorações de feriados relacionados ao meio ambiente. Até agora, a opinião pública não questionou que espécies estão sendo usadas nos peixamentos, ou quais deixaram ou deixarão de existir em função das liberadas no ambiente. De um lado, está a visão científica do ambiente, tratada como integridade ambiental, e do outro a noção de utilização direta, no caso do recurso através da pesca. (Ciência hoje/28, setembro)