Lideranças da Via Campesina são intimadas a depor
2006-03-13
A entrevista coletiva da Via Campesina, sexta-feira (10/03) à tarde, no último dia da II Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, na PUCRS, terminou com lideranças internacionais do movimento intimadas a depor no Palácio da Polícia. No final da coletiva, policiais civis do Departamento de Polícia do Interior (DPI) e da Delegacia de Barra do Ribeiro chegaram com os mandados. Foram intimados três dos cinco líderes que concederam a entrevista: Henry Saragih, da Indonésia; Juana Ferrer, da República Dominicana; e Paul Nicholson, do País Basco.
Informadas de que deveriam comparecer ao Palácio da Polícia às 18h de ontem, as lideranças negaram-se a assinar os mandados de intimação, alegando que precisavam conhecer seus direitos por serem estrangeiras. Mas garantiram aos policiais que compareceriam para depor. Nicholson comentou que a intimação foi uma surpresa, na semana de debates sobre a reforma agrária.
Reforçando a posição das outras lideranças manifestada durante a coletiva, ele afirmou que a ação de 8 de março, que resultou na destruição de estufas e mudas de eucalipto do Centro de Pesquisas Horto Florestal Barba Negra, da Aracruz Celulose, foi em defesa do meio ambiente e dos direitos humanos. Frisou haver jurisprudência internacional pelo direito de atos de resistência para evitar danos futuros.
Para Nicholson, a invasão foi uma mensagem clara de repúdio ao plantio de eucaliptos em grande escala, que, segundo ele, agride o meio ambiente, esgotando o solo. “Ter milhares de camponeses na estrada é que é uma violência”, sustentou. Em nenhum momento da coletiva as lideranças admitiram que os invasores tiveram apoio logístico da Via Campesina. Disseram desconhecer quem coordenou a ação e que foi uma resposta das bases às mobilizações ocorridas durante a semana.
(CP, 11/03/06)