Estudo confirma impacto do aquecimento global nas geleiras polares
2006-03-10
Na maior pesquisa já feita sobre as enormes placas de gelo que cobrem a Groenlândia e a Antártica, cientistas da Nasa confirmaram que o aquecimento global está mudando a quantidade de água que continua armazenada no maior depósito de gelo e neve da Terra. Outros estudos recentes mostraram um aumento na perda de gelo em partes dessas placas. Mas essa nova pesquisa é a primeira a criar um inventário das perdas e da inclusão de neve nova nos dois continentes de maneira consistente durante toda uma década.
A pesquisa mostra que houve uma grande perda de gelo nas placas polares entre 1992 e 2002 e um aumento correspondente no nível do mar. Publicado pelo Journal of Glaciology, o estudo combina imagens de satélite da altura das geleiras de dois satélites da Agência Espacial Européia. Também foram usadas imagens anteriores da Nasa dos picos das geleiras da Groenlândia para determinar a rapidez com que a grossura está mudando.
Na Groenlândia, a pesquisa relatou perda de gelo ao longo da costa sudeste a um grande aumento na densidade do gelo em grandes altitudes no interior, que tem a ver com índices relativamente altos de neve. O estudo sugere que houve um pequeno ganho na massa total de água congelada nas geleiras durante a última década, ao contrário das estimativas prévias.
A situação pode ter mudado apenas nos últimos anos, de acordo com o autor do estudo Jay Zwally, do Goddard Space Flight Center da Nasa. Quando os cientistas adicionaram os ganhos e perdas totais de gelo das geleiras da Groenlândia e Antártica, houve uma grande perda de gelo para o mar. A quantidade de água somada aos oceanos (20 bilhões de toneladas) é equivalente ao número total de água potável utilizada em casas, escritórios e fazendas em Nova York, Nova Jérsei e Virginia anualmente.
"O estudo indica que a contribuição das geleiras ao aumento recente nos níveis do mar durante a década estudada foi muito menor que o esperado, apenas 2% do total de quase três milímetros ao ano" disse Zwally. "A continuidade da pesquisa usando os satélites da Nasa e outros dados irá acabar com as incertezas nesse problema importante".
(Estadão Online, 08/03/06)
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