(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-03-10
O olhar desavisado pode até achar que está diante de um arrozal, mas é, na verdade, uma área de cerrado que passa os meses de verão permanentemente alagada. Descoberta por pesquisadores da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) no Parque Nacional das Emas, em Goiás, a vegetação ganhou o nome de cerrado hiperestacional e revela o quão pouco ainda se sabe sobre o principal ecossistema do Brasil Central.

Para encontrar o cerrado "molhado", que eles classificam como um novo tipo de formação vegetal, Marco Antônio Batalha e seus colegas Marcus Cianciaruso, Igor Aurélio da Silva e Priscilla Amorim tiveram de atolar um Corsa e até uma Toyota 4x4 na lama do parque. "O que evidencia a dificuldade de acesso à área", diz Batalha. Segundo ele, outros fatores também fizeram com que os pesquisadores demorassem para perceber a singularidade da região: os poucos estudos sobre a vegetação do parque e a necessidade de estar familiarizado com o conceito de hiperestacionalidade.

"Uma das características das savanas como o cerrado é ter um clima estacional, ou seja, com as estações bem marcadas", explica Batalha. Na prática, isso significa que o ecossistema só conta com duas estações verdadeiras: um verão chuvoso e um inverno seco. Justamente por causa dessa situação é que não se espera que uma área de cerrado fica alagada por longos períodos de tempo.

Hipercontraste
No caso da área de 300 hectares em Goiás, no entanto, entra em cena uma das possibilidades que geram uma savana hiperestacional: uma depressão no relevo faz com que a água fique represada, gerando um alagamento que dura toda a estação chuvosa e, portanto, um contraste ainda mais forte com o período da seca (daí o "hiper" do nome).

Tal como a região que o circunda no parque, o cerrado "molhado" pertence à categoria de campo limpo, com muitas gramíneas, poucos arbustos e sem árvores.

"A diferença é que o alagamento funciona como um filtro ambiental, restringindo o número de espécies capazes de crescer naquelas condições", explica Batalha. As gramíneas que predominam ali são diferentes das do cerrado tradicional, porque contam com adaptações para armazenar oxigênio nas raízes submersas, por exemplo. "As relações ecológicas ali acabam sendo únicas", afirma o biólogo. "Quanto à fauna, ainda não há nenhum estudo. Seria possível que essa área fosse importante, por exemplo, para alguns anfíbios", diz ele.

Seja como for, a descoberta já chega à comunidade científica sob os mesmos riscos que afetam o cerrado como um todo, do qual só resta 21% da área original. Ou riscos até piores. "Pela própria raridade, pequena extensão e delicado balanço entre alagamento e seca, ela é extremamente vulnerável", afirma o biólogo. "Uma obra numa estrada pode levar a mudanças na dinâmica da água."

No entanto, mais estudos ainda podem revelar a presença da formação em outros lugares do país. "Existem boas chances de haver outras áreas de cerrado que se alagam, especialmente na região do Pantanal e no Piauí", diz ele. (Folha de S. Paulo, 09/03/06)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -