Técnico discorda da balneabilidade na Lagoa dos Patos
2006-03-10
O responsável pelo Laboratório de Análise de Cianotoxinas em Água da Furg, João Saquis Yunes, discorda da análise da Fepam em relação à balneabilidade da Lagoa dos Patos em São Lourenço do Sul. “As águas das praias de São Lourenço continuaram próprias porque a Fundação entendeu que enquanto não houver mortandade de peixes, há condições de banho e isso é errado. Enquanto a água estiver verde, as pessoas não devem tomar banho e minha recomendação foi nesse sentido”, disse, ao acrescentar que nessas condições a água pode provocar irritações muito fortes na pele e até febre.
Yunes avaliou o problema a pedido da prefeitura de São Lourenço. Relatou que a floração é natural e ocorre todos os anos, a partir de Tapes, basta a temperatura esquentar. Dependendo do vento, se chove ou não, pode ficar presa na metade do caminho. Como o vento nordeste predominou, a floração foi empurrada para as praias de São Lourenço, deixando a água da Lagoa dos Patos verde.
Em paralelo, comentou, o arroio que atravessa a cidade e desemboca na praia já está impactado com esgoto e dejetos. Como houve represamento, as algas, que já estavam no local, começaram a se degradar pela falta de volume de água. O ideal, em sua visão, seria abrir a barragem, que está a mais de dois metros acima, e deixar a água fluir. “Mas aí a população ficaria sem água para abastecimento”, ressaltou, ao complementar que seu trabalho foi apenas sobre as condições de balneabilidade.
Setor hoteleiro sentiu a queda no movimento
A taxa de ocupação no Hotel das Figueiras cresceu 4% em relação ao verão passado, mas a expectativa era de um aumento maior, de 7% a 8%. A perda de clientes, segundo o proprietário Eraldo Pukall, foi devido ao mau cheiro, ainda que o hotel esteja situado num local mais privilegiado.
Na enseada que contorna a praia da Barrinha é que se verifica odor mais forte. Mas ainda assim, o mau cheiro chegou e muitos pensavam que era da piscina do hotel, relatou. “Nossa preocupação maior é em relação ao ano que vem; será que essas pessoas voltam?”, indagou, apreensivo.
O secretário municipal de Turismo, Zelmute Oliveira, não considera que a incidência do fenômeno tenha afetado a visitação na temporada, pois ocorreu no fim de fevereiro. A prefeitura ainda não dispõe dos dados oficiais do veraneio.
Moradora relata experiência
A professora aposentada Ionice Härter, natural de Turuçu, veraneia há muitos anos em São Lourenço. Está lá desde o final de janeiro e não tomou nenhum banho de praia.
A amiga, dentista Maria Helena Wienke, contou que no fim do mês passado só entrou na água até a altura dos joelhos: “Fiquei com as pernas verdes e foi difícil de tirar, não saía nem no banho”. Desde então, juntamente com amigos, desfruta apenas da sombra das árvores.
(Tânia Cabistany/ Diário Popular, 10/03/06)