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2006-03-10
A depredação do laboratório da empresa Aracruz Celulose e a inutilização de 1 milhão de mudas de eucaliptos por militantes ligados à Via Campesina e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) geraram manifestações de repúdio ontem, na Assembléia Legislativa. Os deputados lamentaram a violência e defenderam adoção de medidas que resultem na punição efetiva de todos os envolvidos no episódio.

O vandalismo, para o líder da bancada do PSDB, Ruy Pauletti, demonstra que a anarquia se instalou no país. "A ação foi regada a ódio e com sotaque estrangeiro. Infelizmente, rasgam a Constituição, as autoridades se escondem e todos fazem o que querem", criticou. Pauletti atribuiu o incidente à falha da Brigada Militar e da Polícia Federal. Segundo ele, é inadmissível que quase 40 ônibus tenham transportado os manifestantes pela BR 116 sem interferência policial.

O presidente da Assembléia, Luiz Fernando Záchia, do PMDB, condenou a invasão. "Não se trata de projeto pessoal, de uma empresa, mas do Rio Grande do Sul", disse. Destacou que as pesquisas podem mudar o perfil sócio-econômico da Metade Sul do Estado. "Espero que as manifestações não atrapalhem. A empresa terá o parlamento como parceiro na busca do desenvolvimento", ressaltou.

Na tribuna, o líder da bancada do PT, Flavio Koutzii, leu nota da executiva estadual criticando a ação dos ativistas. "O ato é equivocado e não contribui com a solução dos problemas no campo ou para o avanço da reforma agrária no país", disse. Koutzii enfatizou que a bandeira dos agricultores representa luta difícil, destacando que a depredação cria dificuldades. Acrescentou que, ao tomar posição pública, o PT sinaliza para a necessidade de reflexão.

Segundo o líder do PFL, José Sperotto, a prisão dos envolvidos servirá como exemplo para que o Estado saia do caos. "Presenciamos atitude primitiva, um verdadeiro ato criminoso", disse. Lembrou que o fato poderá ocasionar a perda de investimento de 1,2 bilhão de dólares, na disputa para o Rio Grande do Sul sediar nova unidade da empresa.

O líder do PP, Jair Soares, lamentou que a destruição tenha representado o fim de um trabalho de pesquisa desenvolvido em 20 anos. Segundo ele, os militantes tinham consciência do enorme prejuízo pelo qual seriam responsáveis. "Não houve ingenuidade", salientou o deputado.

O ex-presidente da Assembléia Legislativa e deputado Iradir Pietroski, do PTB, afirmou ontem que a invasão da empresa Aracruz Celulose por militantes ligados à Via Campesina e ao MST fere o processo democrático. Ele defendeu que os poderes adotem providências para evitar que atos de vandalismo virem rotina no país. "Grandes concentrações de pessoas atraem oportunistas. Os órgãos competentes precisam estar preparados", disse, referindo-se à Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, que ocorre desde terça-feira na PUC, em Porto Alegre.

A manifestação violenta dos sem-terra, na avaliação do líder do PDT, deputado Vieira da Cunha, acaba desmerecendo o movimento pela reforma agrária. "A bandeira é justa, mas a causa fica comprometida pelos métodos utilizados", disse. O episódio, acrescentou, cria descrédito perante a população, que não aceita mais atos de vandalismo.

Conforme o líder da bancada do PSB, Heitor Schuch, o ato de vandalismo representa erro estratégico grave dos militantes. "A destruição foi um gol contra. Ninguém ganha com isso", avaliou o deputado.

Adão Villaverde, do PT, considerou o episódio lamentável. "Defendemos a reforma agrária, mas não aceitamos que as formas de luta se utilizem da destruição de estudos e pesquisas", salientou. Ao comentar as críticas de que a Polícia Federal teria falhado no monitoramento dos ônibus que transportaram os militantes, disse que os fatos devem ser averiguados e tratados com rigor.
(CP, 10/03/06)

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