Pesquisa derruba versão da lucratividade dos transgênicos
2006-03-10
Pesquisa realizada pela consultoria Agra FNP demonstra que a utilização de
sementes transgênicas de soja oferece margens de lucro muito próximas às obtidas
com sementes convencionais no país. O estudo, divulgado pelo jornal Valor,
derruba a versão de que a soja transgênica oferece ganhos significativos aos
produtores. A rentabilidade na safra atual demonstra que o custo de produção com
sementes geneticamente modificadas varia de R$ 951 a R$ 1.200 por hectare, e de
R$ 976 a R$ 1.225, com a adoção de sementes convencionais.
Conforme o levantamento, o plantio da soja Roundup Ready gera margem de lucro
levemente superior à soja convencional no Rio Grande do Sul (2,34%), Paraná
(3,25%) e São Paulo (5,98%). O ganho é praticamente nulo no Mato Grosso do Sul
(0,03%) e Bahia (0,14%), e a rentabilidade é menor que a obtida com soja
convencional no Mato Grosso (0,19%) e em Minas (9,08%).
Daniel Dias, pesquisador da Agra FNP, observou que os custos com pagamento de
royalties sobre o uso da tecnologia Roundup Ready encarecem o custo de produção
da soja em mais de 10%. "E a produtividade das lavouras é praticamente a mesma",
afirmou Dias.
No caso do algodão, as margens de rentabilidades são maiores, mas o cálculo não
inclui o pagamento de royalties pelo uso de sementes transgênicas. Conforme a estimativa da Agra FNP, as margens de lucro da semente modificada sobre a convencional chegam a 18,39% no Mato Grosso e 13,3% em Goiás. Dias observou que entre os países que aprovaram o uso de transgênicos, só no Brasil os royalties são pagos pelos agricultores. Nos demais países, a cobrança é rateada entre pelos multiplicadores e indústrias sementeiras.
No front externo, outro estudo desfavorável aos transgênicos também saiu
na quarta-feira (08/03). Primeiro relatório produzido a partir de dados do
Registro de Contaminação Transgênica - iniciativa conjunta das organizações Gene
Watch UK e Greenpeace - identificou 88 casos de contaminação, 17 liberações
ilegais e oito relatos de efeitos negativos de culturas transgênicas sobre a
agricultura no mundo, desde 1996. Naquele ano, começaram a ser produzidos em
larga escala, nos EUA, os primeiros organismos geneticamente modificados (OGMs).
Conforme o relatório, na última década, 39 países registraram algum dos três
incidentes com transgênicos. Em 2005, houve casos em todos os países da União
Européia.
(Governo do Paraná, 09/03/06)
http://www.agenciadenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=18919