Estudo aponta áreas brasileiras importantes para a conservação das aves
2006-03-09
A Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), representante da BirdLife International no País, acaba de concluir um levantamento inédito, realizado ao longo de cinco anos, que aponta 163 Áreas Importantes para a Conservação das Aves (ou IBAs, na sigla do inglês Important Bird Areas) no Brasil. Trata-se do primeiro mapa do gênero feito para o Brasil --levantamentos semelhantes já existem para Europa, América do Norte, África, Argentina e Andes.
O trabalho englobou 15 estados da Mata Atlântica, por ser a área mais ameaçada (83% das espécies de aves ameaçadas de extinção no País ocorrem nesses estados) e por ser a região com a maior quantidade de informações disponíveis. As 163 IBAs identificadas totalizam 8.385.791 hectares. A Bahia é o estado com o maior número de IBAs identificadas (31 áreas), seguida por Minas Gerais, com 18. Em superfície, porém, o campeão é o Rio Grande do Sul, com 1.047.051 hectares distribuídos em 12 IBAs.
Do total de áreas identificadas como IBAs, 51% estão parcialmente ou totalmente inseridas em unidades de conservação de proteção integral, 3% em unidades de conservação de uso sustentável (excluindo APAs e RPPNs), 11% em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e 8% em outros tipos de reservas privadas. No Espírito Santo, por exemplo, duas grandes áreas particulares, sem proteção garantida, são os principais refúgios ainda existentes da saíra-apunhalada (Nemosia rourei). O mapeamento inclui também áreas bastante pressionadas pela urbanização, como a Serra da Cantareira, em São Paulo, abrigo de quatro espécies ameaçadas de extinção - gavião-pomba (Leucoptemis lacemulata), pomba-espelho (Claravis godefrida), papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) e araponga (Procnias nudicollis) -, além de outras nove quase ameaçadas.
O Brasil é o terceiro país do mundo com mais espécies de ave (só perde para Colômbia e Peru), mas o primeiro em número de espécies ameaçadas: no total são 118. Essa disparidade é resultado da perda acelerada de habitats na Mata Atlântica, floresta da qual sobram apenas 7%. É lá que está o maior número de aves à beira do desaparecimento, 111. E foi lá que ocorreram os dois únicos casos registrados de extinção de ave na natureza no país, os da ararinha-azul (Cianopscitta spixii) e do mutum-de-alagoas (Mitu mitu).
Os resultados do trabalho da SAVE Brasil serão publicados no livro “Áreas Importantes para a Conservação das Aves no Brasil”, que será lançado durante a Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), a se realizar em Curitiba, de 19 a 31 de março.
(Informações do Instituto Mater Natura)