Energia Nuclear - Dilma resiste a programa
2006-03-09
A expansão da energia nuclear no Brasil é um assunto que divide o governo. O Ministério da Ciência e Tecnologia é a favor do projeto e o de Minas e Energia defende o uso de energia hidráulica, que é mais barata. Embora essas posições sejam conhecidas, é a primeira vez que um ministro assume publicamente a defesa das usinas nucleares, mencionando quantidades e locais. Há cerca de um ano, técnicos do governo discutiram o caso, mas foram desautorizados por Dilma Rousseff, então ministra de Minas e Energia. A disputa era arbitrada pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu, que era a favor de ampliar o uso de energia nuclear e viabilizar o enriquecimento de urânio no País.
Atualmente o combustível usado por Angra 1 e Angra 2 é enriquecido no exterior. Uma terceira usina daria escala para a produção local. Com isso o Brasil poderia entrar para o "segundo escalão" dos países que dominam o processo nuclear, o que facilitaria ter um assento no Conselho de Segurança da ONU. Desde que assumiu a Casa Civil, Dilma nada afirmou a respeito, embora seus principais assessores continuem defendendo a energia hidráulica. As crescentes dificuldades ambientais para a liberação de hidrelétricas e o aumento do custo dessas usinas servem como argumentos para os defensores da energia nuclear. A decisão final será do Conselho Nacional de Política Energética, que não tem ainda reunião marcada para debater o problema.
(O Estado de S. Paulo, 08/03/06)