Blog acompanhará expedição científica ao oeste do Amazonas
2006-03-09
Disponibilizar na internet um diário de campo com as principais novidades da
primeira expedição científica à Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS)
Cujubim. Esse é o principal objetivo do blog “Expedição Biológica à RDS Cujubim”
(http://expedicaocujubim.conservation.org.br), que entrou no ar na segunda-feira,
dia 06. A idéia é divulgar as principais novidades enviadas pela equipe de
pesquisadores, que investigará uma região de difícil acesso e pouco conhecida,
localizada no extremo oeste do Amazonas. O barco que leva o grupo saiu do
município de Tefé no dia 02 e a previsão de chegada no primeiro ponto de estudo é
para hoje (09/03), quinta-feira. Ao todo serão estudadas quatro áreas, escolhidas
por critérios como a diferenciação de vegetação e a viabilidade de acesso pelos
rios. Elas situam-se ao longo dos Rios Mutum, Jutaí, Juruazinho e Curuena.
"Por ser uma área desconhecida, as expectativas são muito positivas. Estamos
muito empolgados, mas cientes das dificuldades logísticas para acessar a área,
bem como os vários dias de deslocamento. Será uma viagem bem longa", afirma
Raquel Carvalho, coordenadora da expedição. Ela explica também que as informações
que serão divulgadas no blog serão repassadas em forma de relatório, através de
um telefone móvel via satélite.
Até hoje, apenas alguns estudos sobre plantas foram realizados na região em que
fica a RDS Cujubim. A expedição coletará dados sobre a biodiversidade da área,
relacionadas à fauna - mamíferos, aves, peixes, herpetofauna (répteis e anfíbios)
- e à flora. Além da importância científica, essas informações farão parte do
plano de gestão da unidade de conservação, documento que prevê as atividades que
podem ser realizadas na área e deve ser concluído no final deste ano.
A Expedição Biológica à RDS Cujubim encerra no dia 05 de abril e está sendo
realizada pela parceria entre o Governo do Amazonas, através da Secretaria de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), a organização não-governamental
Conservação Internacional (CI-Brasil), a Embaixada Britânica, o Museu Paraense
Emílio Goeldi, a Universidade Federal do Pará,
"A importância do investimento técnico-científico e financeiro nessa expedição se
justifica pela elevada relevância biológica da área, que apresenta uma grande
diversidade de aves, mamíferos e invertebrados. Espera-se que a região apresente
um alto número de espécies endêmicas – que só existem ali. Acredito que essa
expedição trará o registro de centenas de espécies de uma região que nunca foi
estudada", explica Enrico Bernard, gerente de projetos do Programa Amazônia, da
CI-Brasil.
RDS Cujubim – Com cerca de 2,4 milhões de hectares, a RDS Cujubim é uma das
maiores unidades de conservação de uso sustentável do Brasil. Tem como principal
objetivo conservar a biodiversidade e os recursos naturais e melhorar a qualidade
de vida da população que vive em seu interior. Localiza-se na bacia do rio Jutaí,
afluente da margem direita do rio Solimões, entre a Terra Indígena do Vale do
Javari, ao sudoeste, e a Terra Indígena do Biá, ao norte; e integra o Corredor de
Biodiversidade Central da Amazônia.
A RDS está inserida na área de endemismo Inambari, uma das sub-regiões mais
diversas da Floresta Amazônica. Abriga espécies globalmente ameaçadas de extinção,
como ariranhas ( Pteronura brasiliensis ), onças-pintadas ( Panthera
onca ), onças-vermelhas ( Puma concolor ) e peixes-boi ( Trichechus
inunguis ).
Cerca de 290 pessoas, distribuídas entre 56 famílias, habitam a Reserva. Elas têm
como principal atividade a agricultura de subsistência, a pesca e o extrativismo.
Alternativas econômicas sustentáveis - como a extração de óleos vegetais, a
fruticultura, a horticultura e o cultivo de plantas medicinais – são estimuladas
entre a população local, a fim de aumentar a renda das famílias e, ao mesmo tempo,
evitar ações predatórias como a exploração madeireira sem planejamento.
Outras ações para a implementação da RDS também estão sendo desenvolvidas na área
pela parceria entre o Governo do Amazonas, através do Programa Zona Franca Verde,
a CI-Brasil, a Embaixada Britânica e a Prefeitura de Jutaí. O objetivo é criar
infra-estrutura dentro da RDS, estabelecer um programa de monitoramento,
capacitar e organizar a população local e elaborar o plano de gestão da área.
(CI-Brasil, 07/03/06)
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=1444&Itemid=2