Representante do Haiti diz que biodiesel brasileiro pode ser alternativa para seu país
2006-03-09
O projeto brasileiro de biodiesel, que associa a produção desse combustível ao
desenvolvimento da agricultura familiar, pode se tornar uma importante
alternativa econômica para o Haiti, afirmou ontem (08/03) Budry Bayard,
representante oficial do país caribenho, durante sua apresentação na sessão
plenária da 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento
Rural, promovida pelo Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.
"Nós apoiamos a idéia brasileira do biodiesel. Consideramos que pode ser uma
alternativa para resolver problemas econômicos e ambientais sem disputar espaço
com a produção de alimentos", disse Bayard.
Segundo o coordenador do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead)
do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Caio Galvão de França, a cooperação
brasileira com o Haiti no desenvolvimento rural já estava sendo planejada para
incluir projetos locais de biodiesel, e, até abril, uma equipe de técnicos já
deve iniciar os primeiros trabalhos nesse sentido.
Para o assessor especial da Presidência da República, José Graziano, além de
auxiliar no desenvolvimento das comunidades rurais, o biodiesel pode ajudar a
resolver o problema da atual matriz energética do Haiti. As famílias utilizam
basicamente a lenha para o consumo doméstico, e isso vem acabando com as reservas
florestais do país, que é superpopuloso (8 milhões de pessoas em 27 mil km2 –
área semelhante à de Alagoas).
"Em vez de acenar com coisas miraculosas, estamos indo com calma. O Haiti é o
tipo de lugar onde não se pode errar", diz Graziano. Esta semana, ele deixa o
cargo no Planalto para passar à chefia do escritório regional da FAO para América
Latina e Caribe. Até o fim do ano, segundo ele, a FAO já quer ver implementado
um projeto de parceria com o Brasil para cooperação técnica internacional na área
do desenvolvimento rural. O Haiti deve ser um dos primeiros países beneficiados
com o projeto.
Na tarde de ontem, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, fez uma
palestra no evento da FAO em Porto Alegre sobre o projeto brasileiro de biodiesel.
O chefe da assessoria internacional do MDA, Laudemir Muller, conta que já há
outros países interessados no projeto: Marrocos, Paraguai, Estados Unidos,
Venezuela e Angola, entre outros.
"Imagine o impacto de um projeto de desenvolvimento, baseado em bioenergia, em
países pobres altamente dependentes da importação de petróleo, como há tantos",
diz Muller. "O projeto brasileiro consegue resolver ao mesmo tempo o problema da
energia, da geração de renda e trabalho e a questão ambiental. Não é apenas uma
nova fonte de energia, é uma nova estratégia para o desenvolvimento."
Desde maio de 2004, o Brasil lidera no Haiti uma missão de Paz das Nações Unidas.
Em fevereiro, o mandato da missão foi prorrogado por seis meses. A colaboração
internacional em projetos de desenvolvimento é a principal reivindicação dos
haitianos. Eles consideram que o país só conquistará estabilidade política quando
tiver alternativas econômicas.
(Agência Brasil, 08/03/06)
http://www.radiobras.gov.br/