Mulheres da Via Campesina ocupam fazenda da Aracruz
2006-03-08
Cerca de 2 mil mulheres da Via Campesina ocuparam na madrugada desta quarta-feira (8) o hortoflorestal da Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro (RS). A mobilização, segundo elas, tem o objetivo de denunciar as conseqüências sociais e ambientais do avanço da invasão do deserto verde criado pelo monocultivo de eucaliptos. A Fazenda Barba Negra concentra a principal unidade de produção de mudas de eucalipto e pínus da Aracruz, tendo inclusive um laboratório de clonagem de mudas. "Somos contra os desertos verdes, as enormes plantações de eucalipto, acácia e pinus para celulose, que cobrem milhares de hectares no Brasil e na América Latina. Onde o deserto verde avança a biodiversidade é destruída, os solos deterioram, os rios secam, sem contar a enorme poluição gerada pelas fábricas de celulose que contaminam o ar, as águas e ameaçam a saúde humana", afirmam as mulheres em manifesto da Via Campesina.
A Aracruz Celulose tem mais de 250 mil hectares plantados em terras próprias, 50 mil só no Rio Grande do Sul. Suas fábricas produzem 2,4 milhões de toneladas de celulose branqueada por ano. As mulheres da Via Campesina também protestam em solidariedade aos povos indígenas que tiveram suas terras invadidas pela Aracruz Celulose no Estado do Espírito Santo.
"Se o deserto verde continuar crescendo em breve vai faltar água para bebermos e terra para produzir alimentos. Não conseguimos entender como um governo que quer acabar com a fome patrocina o deserto verde ao invés de investir na Reforma Agrária e na Agricultura Camponesa", afirma o manifesto. A mobilização da Via Campesina também ocorre para denunciar os impactos ambientais da monocultura de eucalipto, que está avançando no Rio Grande do Sul com três grandes empresas: a Votorantim, a Stora Enso e a Aracruz.
A mobilização das mulheres da Via Campesina marca o Dia Internacional da Mulher. "Neste 8 de março, nos solidarizamos com as mulheres camponesas e com as trabalhadoras urbanas de todo o mundo, que sofrem com as várias formas de violência impostas por esta sociedade capitalista e patriarcal", conclui o texto. Após a mobilização na Aracruz, as mulheres da Via Campesina se unem à marcha do Dia Internacional da Mulher, que começa às 10h, em Porto Alegre. (Com informações da Assessoria de Comunicação do MST)