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2006-03-08
O projeto mexicano, de construir uma refinaria na América Central, enfrenta obstáculos que o tornam inviável, segundo observadores. Entretanto, os governos dessa região, bem como a administração do presidente Vicente Fox, asseguram que é uma excelente idéia e que se concretizará. A quatro meses das eleições para escolher o sucessor de Fox e a nove do final de seu mandato, o governo não baixa a guarda em sua proposta. A refinaria, com custos estimados de US$ 4 bilhões, deve ser abastecida com petróleo mexicano e produzir derivados para o México e vizinhos centro-americanos, onde a produção petroleira é mínima.

“Apostamos que a refinaria – que será basicamente privada – acontecerá, pois convém a todos nós”, disse Salvador Beltrán Del Rio, diretor de Assuntos Internacionais da Secretaria de Energia do México. O governo Fox não desanima com as sombrias perspectivas futuras de seu país como exportador de petróleo, nem com a drástica queda de suas vendas petrolíferas para a América Central, nem com a desqualificação do plano pelo esquerdista Andrés Manuel López Obrador, o candidato presidencial que está na frente, segundo as pesquisas.

As vendas de petróleo pelo México, cujas reservas estão em queda e no momento asseguram cerca de 13 anos mais de produção, abastecem apenas 12% do consumo anual de petróleo da América Central, onde a Venezuela é a maior vendedora de petróleo e derivados, seguida de Estados Unidos, Equador e Chile. Entre março e final de maio, uma empresa de consultoria privada, contratada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), estudará em qual país centro-americano e sob quais condições a refinaria poderia ser construída.

Beltrán del Río disse acreditar que a consultoria dará boas notícias e afirmou que o governo vai contribuir com a construção da refinaria, mas para deixar sua administração em mãos privadas. “É um projeto que ficará blindado contra qualquer mudança política”, afirmou. A refinaria é a estrela de um projeto de integração energética sustentável entre México, América Central e Colômbia, que inclui interligações elétricas, construção de gasodutos e incentivos a energias renováveis e à eficiência energética, ao custo de US$ 9 bilhões e com apoio do BID.

Segundo o governo Fox, o projeto vai liberar seus sócios de problemas de abastecimento, levará à integração, reduzirá a poluição, baixará os custos do transporte, fortalecerá a cooperação e fará da América Central uma região mais atraente para os investimentos. Porém, o que mais entusiasma, no momento, é a refinaria. O chefe da Unidade de Energia da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), Fernando Cuevas, disse ao Terramérica que a unidade vai gerar empregos e atrair investimentos em empresas ligadas ao fornecimento de bens e serviços.

“O principal benefício de sua construção será a entrada de um novo fornecedor de produtos derivados de petróleo na região centro-americana, o que permitiria incrementar a competição. Isso poderia se traduzir em reduções de preços no âmbito de cada país, sempre e quando o número de atores e o nível de competição for forte”, disse Cuevas. E acrescentou que “hoje existe uma capacidade muito limitada de refino no mundo, o que poderia se tornar crítico nos próximos cinco a dez anos, se não forem construídas novas refinarias”. O México promete abastecer essa nova refinaria com uma média diária de 250 mil barris de petróleo pesado.

Em 2005, o México produziu 3,3 milhões de barris/dia, número ligeiramente inferior ao do ano anterior. Segundo diversos estudos e especialistas, este seria seu teto, pois, de agora em diante, sua produção começaria a cair. Por trás da promoção da refinaria mesoamericana está o fato de o México, onde o petróleo é administrado pela estatal Pemex, ter pouco dinheiro para construir uma nova refinaria em seu território e limitações legais de associação a empresas privadas. A Pemex pode receber recursos privados e se associar com outras companhias somente se o negócio for no exterior. Por isso, e diante de seus problemas financeiros, nos últimos anos grande parte do petróleo local passou a ser refinado em outros países.

O especialista David Shields, que dirige no México uma publicação especializada em energia, disse ao Terramérica que o plano mexicano de instalar uma refinaria na América Central não tem “nenhuma lógica”. Nesse projeto “tudo é mais ou menos um engano”, afirmou. O petróleo atual do México é muito pesado para ser transportado para essa região e dentro de uns cinco ou seis anos, quando a refinaria estiver pronta, se não ocorrer nada de extraordinário, a Pemex já não terá petróleo suficiente para abastecê-la, advertiu. “Contudo, sempre se pode fazer um projeto (que parece) inviável se há apoio político ou econômico como o do BID”, acrescentou.

Roger Cerda, ex-diretor do Instituto Nicaragüense de Energia e atual assessor do Banco Central do país, também questiona a construção da refinaria. “É uma proposta tirada do bolso do colete”, com o afã de contrapor-se aos crescentes negócios na área do petróleo por parte da Venezuela na América Central, disse Cerda ao Terramérica. “O problema é que se trata de um projeto bastante ambicioso e caro e que, no fundo, só está inspirado em uma conjuntura difícil, o que pode fazer com que fracasse”, afirmou. Os governos da América Central vêem na proposta mexicana uma tábua de salvação para seus problemas de abastecimento e esperam que se chegue a um acordo ao final da reunião que os presidentes da região manterão, no final de maio, para afinar o projeto.

Na América Central, somente a Guatemala produz petróleo, enquanto instalações de refino existem unicamente na Costa Rica, El Salvador e Nicarágua. Nos demais países, esse tipo de atividade foi encerrada por problemas financeiros e técnicos. Em 2004, a região importou 94,7 milhões de barris, dos quais 83,5% corresponderam a derivados e somente 16,5% a petróleo. O valor total dessa importação foi de US$ 3,948 bilhões, 23,3% superior ao de 2003. Beltrán del Río, da Secretaria de Energia do México, assegurou que o plano não tem volta, a menos que a consultoria que atualmente o analisa o rechace. “O México e a Pemex garantem que a refinaria terá os recursos e o petróleo suficientes para garantir seu funcionamento, e, se em um dado momento, houver a possibilidade de se processar petróleo de outros países, não nos oporemos”, afirmou.
(IPS/Terramérica, 06/03/06)

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