Equador se tornou "campo experimental" para tráfico, diz Polícia
2006-03-08
O comandante da Polícia do Equador, José Vinueza, assegurou que o país se transformou em um "campo experimental" de narcotraficantes que tentam determinar se o solo equatoriano é bom para produzir droga de alta qualidade. Em entrevista publicada na segunda-feira (06/03) pelo jornal "Hoy", Vinueza assinalou que os cultivos de coca descobertos nos últimos meses na zona fronteiriça com a Colômbia "não tem características de plantações". "O termo correto (para se referir ao que encontraram) é semeadouro. Também não podemos falar de produção de droga, porque ainda não temos provas de que existem laboratórios, embora esta hipótese não seja descartada", disse o comandante da Polícia.
Vinueza informou que os semeadouros encontrados na fronteira são "quadras ou áreas menores que 500 metros quadrados". "O que o narcotraficante quer saber é se o solo equatoriano é ou não é rentável, de acordo com o nível e a potência do alcalóide que dará como produto a folha de coca", assegurou. Por isso, para Vinueza, o Equador se transformou em um "campo experimental, em uma espécie de almácego (lugar onde se semeiam plantas delicadas que depois são transplantadas), onde tentam verificar o potencial do alcalóide que se obteria".
Segundo o comandante da Polícia, a maior parte dos cultivos encontrados na zona fronteiriça com a Colômbia, desde a província de Esmeraldas, no litoral, até a de Sucumbíos, na Amazônia, corresponde à coca, mas também "se falou de semeadouros de papoula, mas foram pequenos". Vinueza assinalou que as provas de cultivos não estão sendo realizadas por organizações, "mas por grupos de pessoas, especialmente colombianos".
O comandante acrescentou que o Equador "está ficando caracterizado por ter pessoas especialistas no estoque, camuflagem e transporte da droga". Vinueza acredita que no país operam "pequenos grupos, muitos deles liderados por narcotraficantes estrangeiros", e afirmou que desde abril do ano passado 16 organizações de narcotraficantes foram desmanteladas no Equador, e lembrou que na instituição há 1.200 policiais dedicados exclusivamente à luta contra as drogas.
Além disso, após reconhecer que o Equador é uma rota importante do narcotráfico, como afirma o Departamento de Estado dos EUA, Vinueza informou que desde abril do ano passado até agora 34 toneladas de cloridrato de cocaína foram apreendidas no país.
(EFE, 06/03/06)
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