Rússia é contrária ao envio da questão nuclear iraniana à ONU
2006-03-08
A Rússia se manifestou na segunda-feira contrária a debater o controvertido programa nuclear iraniano no Conselho de Segurança das Nações Unidas, organismo que pode impor sanções. "Remeter precipitadamente o caso iraniano ao Conselho de Segurança seria mais do que indesejável", asseguraram fontes diplomáticas russas à agência oficial Itar-Tass.
A Rússia considera que existem "muitos outros palcos" para a solução da atual crise no marco da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). "O debate no Conselho de Segurança ajudaria a levar ao abandono das negociações por parte do Irã, enquanto a AIEA perderia a oportunidade de controlar suas atividades nucleares", disseram.
O diretor-geral da AIEA, Mohamed El Baradei, apresenta na segunda ao Conselho de Governadores desse organismo o relatório sobre o programa nuclear iraniano destinado ao Conselho de Segurança da ONU. Moscou convoca a comunidade internacional a atuar com extrema precaução. "Do contrário, a situação desembocará em um beco sem saída e nós não queremos isto", acrescentaram. "Não devemos permitir que o Irã siga o exemplo da Coréia do Norte, abandone o Tratado de Não-Proliferação (TPI) nuclear e renuncie às inspeções internacionais", alertaram.
A Rússia também lamenta que o Irã, que insiste em seu direito soberano de dispor de um programa nuclear civil, tenha descumprido "em não poucas ocasiões" suas promessas. Em particular, acrescentaram, "em relação às garantias de que não tiraria os selos de suas instalações nucleares e que retornaria, a curto prazo, ao Protocolo Adicional do acordo com a AIEA" sobre inspeções. As fontes reconheceram que diminuem as "poucas oportunidades" de alcançar um acordo com Teerã sobre a oferta russa de enriquecer urânio para as centrais nucleares iranianas em território russo.
A Rússia propunha que os aspectos mais sensíveis do ciclo de combustível nuclear iraniano, como o enriquecimento de urânio, fossem realizados em seu território por uma empresa mista e sob supervisão da AIEA. Posteriormente, o urânio enriquecido seria trasladado ao Irã e utilizado no funcionamento dos reatores nucleares iranianos, que Teerã constrói com ajuda da Rússia.
(EFE, 06/03/06)
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