Primeiro-ministro australiano reconsiderará proibição de venda de urânio à Índia
2006-03-07
O primeiro-ministro australiano, John Howard, declarou na segunda-feira (06/03) que reconsiderará uma proibição de vender urânio à Índia após um acordo entre Nova Délhi e Washington que possibilita a inspeção de usinas nucleares desse país asiático. Howard, que se encontra na Índia para uma visita oficial de quatro dias, esclareceu que Canberra não mudará de repente sua política de proibir as vendas de urânio a países que não assinaram o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, mas que está disposto a tratar o assunto com seu homólogo indiano, Manmohan Singh.
"Pela primeira vez grande parte da capacidade nuclear da Índia fique submissa a inspeções internacionais", afirmou o governante australiano através da rádio australiana ABC. Por sua parte, Singh afirmou em entrevista publicada na segunda-feira pelo jornal The Australian que a Índia, que não assinou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, pedirá à Austrália que levante a proibição. Na semana passada, a Índia fechou com os Estados Unidos um tratado de cooperação nuclear que permitirá transferir tecnologia atômica a Nova Délhi em troca de que esta abra suas instalações nucleares civis à inspeção internacional.
No entanto, apenas 14 dos 22 reatores nucleares na Índia abrirão acesso ao controle internacional. O partido dos Verdes advertiu que se a Austrália começar a ignorar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear acabará vendendo urânio a Israel ou ao Paquistão. "Howard fala constantemente de segurança global e o que faz é facilitar que a BHP venda urânio à China e à Índia e está transformando o mundo em um lugar perigoso", disse a senadora desse partido, Christine Milne, através da rádio ABC.
Martin Ferguson, do Partido Trabalhista, de oposição, criticou o fato de não ter havido um debate público sobre a exportação do urânio. "Temos que decidir como nação como queremos utilizar o urânio fora das fronteiras australianas", disse Ferguson. A Austrália conta com as maiores reservas de urânio do mundo, com 30% do total mundial que se extrai atualmente de três minas no país. Nos últimos cinco anos e até meados de 2005 a Austrália exportou 46.600 toneladas de óxido de urânio concentrado por um valor de US$ 2,1 bilhões, para 11 países.
(EFE, 06/03/06)
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