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2006-03-07
A vegetação nativa de andiroba, em Axixá, a 102 quilômetros a São Luís (MA), está ameaçada pela ação das indústrias de cerâmicas que utilizam a madeira de forma desordenada para a produção de lenha. A preocupação é da Associação dos Produtores de Andiroba de Axixá, que produz sabonete a partir do óleo da semente da planta, e teme que a matéria-prima possa ser exaurida.

Cerca de 200 famílias sobrevivem do extrativismo da andiroba, presente em quase todo o município (que conta com uma área de 203 quilômetros quadrados). Além do sabonete, os extrativistas produzem também mais de 100 mil quilos de sabão por ano, vendido dentro do Estado. A árvore aparece também nos municípios de Morros, Icatu e Presidente Juscelino.

A associação não sabe ainda o tamanho da área de andirobais em Axixá e nem o que já foi devastado nos últimos anos para a produção de lenha e de móveis e também para dar lugar a agropecuária, pois não existe estudos na região. "As árvores jovens, que são as mais produtivas, estão sendo cortadas para se produzir lenha. Há a necessidade de um plano de manejo", diz a presidente da entidade, Francerli Santos.

Na tentativa de conter a derrubada das árvores, a prefeita de Axixá, Maria Sônia Oliveira Campos, sugeriu aos vereadores do município que apresentem um projeto de lei proibindo o corte irregular das árvores para uso como lenha nas cerâmicas e olarias da região.

A chefe da Divisão de Fiscalização do Ibama no Maranhão, Eliana Maria Muniz, explica que o órgão tem recebido denúncias da extração irregular de madeira para a produção de lenha na região, mas que desconhece a utilização da andiroba para este fim. "O Ibama vai desenvolver um trabalho com o Ministério Público para conter a extração ilegal", diz.

A derrubada dos andirobais em Axixá não é o único problema enfrentado pelos pequenos agricultores da região. A extração do óleo e a produção do sabão, que garantem o sustento das famílias, ainda são feitas de forma artesanal e desorganizada, apesar do potencial da região. Uma andirobeira adulta pode produzir até 200 quilos de sementes por ano, sendo que seis quilos de sementes rendem um litro de óleo.

Exploração sustentável
Para estruturar a exploração econômica da andiroba de forma adequada e sustentável em Axixá, o Banco do Nordeste (BNB) está reunindo produtores, o poder público municipal e entidades como o Sebrae e Sanai, além de órgãos como o Ibama, o Núcleo Estadual de Projetos Especiais (Nepe) e a Universidade Estadual do Maranhão (Uema), visando a organizar o aglomerado produtivo da andiroba no município.

O primeiro passo foi dado com uma reunião no município, no final do mês, com pequenos produtores, entidades e representantes do poder público para discutirem a viabilidade econômica da andiroba. O Ibama também foi convidado a participar da reunião, embora não tenha comparecido, para discutir a questão ambiental.

"O BNB conduz este processo no intuito de impulsionar a atividade com a andiroba na região", explica o gerente da Área de Desenvolvimento Territorial do BNB, Jaubas Alencar, ressaltando que a árvore pode ter um aproveitamento econômico melhor como já acontece no Pará e no Amapá, que até exportam o óleo.

A revitalização da andiroba consta também no plano de desenvolvimento da Prefeitura Municipal de Axixá. "Já detectamos que existem novas técnicas de produção do óleo. No trabalho artesanal, metade se perde", diz a prefeita de Axixá, Maria Sônia Oliveira Campos. Ela informa que a produção artesanal e desordenada reflete também no preço final do sabão, tornando-o elevado, quando comparado aos produtos similares disponíveis no mercado, o que tem desanimado os fabricantes locais.

Diante deste cenário, a proposta do banco, segundo Alencar, é trabalhar quatro principais aspectos com os produtores de andiroba: organização, capacitação, produção e comercialização. No âmbito do crédito, os produtores vão poder contar com recursos do crédito fundiário e do Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar) para que possam ter acesso a novas tecnologias de produção e aquisição de terras com andirobais.
(GM, 07/03/06)

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