Rio Vermelho (SC) volta a ser poluído por caulim
2006-03-07
Quem viu o rio Vermelho domingo pela manhã não deixou de notar a cor esbranquiçada da água. Isso mostra que mais uma vez a água foi contaminada com caulim, extraído no interior de São Bento do Sul, e também no município vizinho, Campo Alegre. Utilizado pela indústria cerâmica, o minério pode trazer prejuízos à saúde e compromete o abastecimento de água potável para a população são-bentense, pois é no rio Vermelho que fica a adutora de captação do município. Além da coloração típica, foi detectada espuma na água, o que não é característica do caulim. Técnicos do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) retiraram amostras para análise e o laudo fica pronto hoje.
Em menos de dez dias, esta é a segunda vez que a água é manchada pelo caulim, entretanto, segundo o assessor de Meio Ambiente do município, Gelásio Tureck, o problema, agora, é mais grave. O derramamento de caulim no leito do rio já ocorre há tempos. Tureck disse estranhar a falta de posicionamento do ministério público nessa questão. Segundo o assessor, em parceria com o Consórcio Ambiental Quiriri, será feita uma queixa formal à promotoria, com o objetivo de cobrar postura mais enérgica no que diz respeito à fiscalização e punição às mineradoras que desrespeitam a legislação ambiental.
Fiscais da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) já estiveram outras vezes em São Bento do Sul para tentar identificar qual empresa é responsável pela poluição, mas, apesar de encontrar irregularidades em algumas, não ficou claro qual foi a que despejou o minério no rio. Diversas autuações também já foram emitidas, mas a fiscalização ocorre somente quando existem denúncias de crimes.
Segundo Tureck, a maior preocupação fica por conta da falta de controle sobre as mineradoras. O assessor explica que isso pode incentivar a continuidade dos problemas, pois muitas empresas evitam realizar investimentos de prevenção pelo alto custo dos projetos. Ele também confirma que a presença do sulfato de alumínio contido no caulim pode trazer problemas à saúde de quem ingere água. O alumínio não é assimilado pelo organismo humano, e o acúmulo pode causar o mal de Alzeihmer e envelhecimento precoce. "Não choveu forte na região no final de semana. Isso pode significar que o caulim está sendo despejado diretamente no rio", disse Tureck.
Segundo o procurador do município, advogado Ângelo Celeski, a Prefeitura vai aguardar posicionamento da assessoria de Meio Ambiente para, então, tomar as providências legais. Por ser composto de partículas muito pequenas, o caulim também dificulta o tratamento da água. Filtros especiais precisam ser colocados na estação de tratamento para retirar as impurezas. Entretanto, a estação são-bentense não é equipada com esses dispositivos e, em caso de grande derramamento de caulim, a captação precisa ser suspensa. Caso isso ocorra, o Samae mantém a antiga captação em funcionamento, no rio Negrinho.
(A Notícia, 07/03/06)