ONGs atribuem a "latifúndio verde" aumento de invasões e mortes
2006-03-07
Representantes de ONGs ligadas ao problema fundiário atribuem o aumento no número de invasões e do índice de assassinatos no campo ao surgimento de novas formas de latifúndio, como o "latifúndio verde", que explora o reflorestamento.
“No caso do latifúndio verde, o governo incentiva com ajuda até do BNDES (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social) para grandes empresas”, diz o deputado estadual gaúcho petista Frei Sérgio Görgen, líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Rio Grande do Sul.
"Há diversos problemas nisso: os empreendimentos não geram empregos suficientes, remuneram mal e ainda são prejudiciais ao equilíbrio ecológico."
O número de invasões de terra nos três primeiros anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva superou em 55% o registrado nos 36 últimos meses da gestão de Fernando Henrique Cardoso.
No mesmo intervalo, a quantidade de assassinatos por conta de conflitos agrários avançou 63%, conforme a Folha publicou ontem.
Balanço da Ouvidoria Agrária Nacional relata que o governo petista acumulou 770 invasões a imóveis rurais em todo o país entre janeiro de 2003 e dezembro de 2005. Nos três últimos anos de FHC (2000 a 2002), a ouvidoria registrou 497 ações desse tipo.
“Em Ribeirão Preto, por exemplo, entre 2004 e 2005, houve 13 mortes em razão do excesso no plantio de cana monocultora. O governo privilegia esse tipo de monocultura, o que não contribui no combate à fome", diz Maria Luiza Mendonça, da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.
De acordo com Luiz Antônio Pasinato, da CPT (Comissão Pastoral da Terra), houve 150 mortes em razão do conflito agrário no Brasil durante o governo petista. Em 2003, foram 73; em 2004, 39; e em 2005, 38.
(Agência Folha, 06/03/06)