Granol avança no projeto de biodiesel em Cachoeira do Sul
2006-03-07
A empresa paulista Granol está colocando Cachoeira do Sul no caminho do desenvolvimento ao apostar na reativação da fábrica da Centralsul e projetar para a cidade a primeira usina de biodiesel do Brasil. Ontem, em Porto Alegre, dirigentes da Granol assinaram na sede da CaixaRS Fomento Econômico e Social um empréstimo de R$ 10 milhões.
O dinheiro será usado como capital de giro para compra de soja, que será adquirida na região de Cachoeira do Sul e principalmente no norte do estado, onde a produção é mais forte.
Além dos R$ 10 milhões para a compra de soja, a Granol está esperando do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo-sul (BRDE) e da CaixaRS outros R$ 44 milhões que serão usados para a instalação da Grandiesel, que usará o óleo de soja esmagado no antigo complexo Centralsul para produzir biodiesel.
O projeto da Grandiesel está orçado em R$ 60 milhões, mas boa parte dos equipamentos, pelo menos 30%, já está comprada e pronta para ser montada. Segundo Rogério Walau, diretor operacional da CaixaRS, a liberação dos R$ 10 milhões foi garantida ontem sem nenhum problema. Os outros R$ 44 milhões deverão ser disponibilizados metade pelo BRDE e metade pela CaixaRS. “As equipes técnicas estão analisando o projeto e ainda vai demorar alguns dias para que saia a confirmação deste outro financiamento”, observa Walau.
Além de investir na compra de soja e no projeto do biodiesel, a Granol está negociando a compra do antigo complexo Centralsul. A unidade foi arrendada no final do ano passado pelo tempo de 30 anos e depois acabou sendo comprada pela Cooperativa Central Gaúcha de Leite (CCGL), que adquiriu o patrimônio em leilão judicial. Os valores em negociação ainda não foram revelados.
Neste momento, o que mais importa para a Granol é a liberação de uma área de 20 hectares junto ao porto do Rio Jacuí, onde será construída a divisão industrial de produção de biodiesel, que terá capacidade de produzir cerca de 100 milhões de litros deste combustível.
Acordo beneficiará crianças no Haiti
Um acordo de cooperação técnica para a produção de biodiesel vai beneficiar a educação e até a alimentação das crianças do Haiti. Técnicos brasileiros vão passar conhecimentos de utilização de oleaginosas, como o pinhão-bravo que é nativo daquele país, para desenvolver o combustível limpo e levar energia e alimento até as escolas haitianas.
A proposta é que profissionais dos dois países se juntem para trocar conhecimentos. O trabalho conjunto ainda não tem prazo para começar. A idéia é que o biodiesel possa substituir a utilização do carvão vegetal, promovendo a diminuição da poluição e do desmatamento das florestas.
Biodiesel, o combustível da inclusão social
O biodiesel pode ser considerado o combustível da inclusão social, pois o Governo Federal criou o selo combustível social. O produtor de biodiesel que quiser adquirir seu selo precisa adquirir uma quantidade mínima de matéria-prima de agricultores familiares. O produtor também precisa fornecer assistência técnica a esses agricultores e garantir a participação de uma representação dos trabalhadores rurais nas negociações dos contratos de compra e venda.
Segundo levantamento do Governo Federal, até o final deste ano, 100 mil famílias de agricultores terão suas rendas complementadas com o cultivo de oleaginosas para produção do biodiesel. Em 2007, esse número vai subir para 250 mil famílias. O biodiesel é uma fonte de energia renovável e já está presente em cerca de 80 postos de combustíveis. Até o final deste mês, serão cerca de mil estabelecimentos oferecendo o óleo diesel com a mistura de biodiesel.
O biodiesel tem uma alíquota de PIS/Cofins na sua comercialização. Essa alíquota é de R$ 218,00 por metro cúbico. Agora, se o produtor de biodiesel trabalhar com agricultura familiar em qualquer parte do país ele vai pagar R$ 70 por metro cúbico. Se ele trabalhar com agricultura familiar nas regiões norte e nordeste com os cultivos de mamona e dendê ele não vai pagar imposto nenhum.
Segundo o coordenador do Programa Nacional de Biodiesel no Ministério do Desenvolvimento Agrário, Arnoldo Campos, o biodiesel é um bom negócio para o Brasil porque o país ainda importa diesel de petróleo. Aproximadamente 5% do diesel brasileiro são importados. “Poder substituir essa importação pela produção nacional significa economia de divisas”, observa Campos.
O biodiesel também é um combustível ambientalmente superior ao diesel de petróleo. É uma fonte renovável de energia e menos poluente. Outra vantagem é o fato de ser um combustível que tem forte relação com a atividade agrícola, portanto, é gerador de emprego e renda no interior brasileiro.
Qualquer oleaginosa pode ser usada para produzir o biodiesel de qualidade. Essa possibilidade permite diversificar a produção primária, fazendo com que aumente a área de produção de soja e de outras culturas que podem ser usadas na indústria, como girassol, canola e mamona.
(Jornal do povo, 07/03/06)