ISO 14.025 pode restringir exportações brasileiras
2006-03-03
Com a entrada em vigor da norma de rotulagem ambiental do tipo 3, definida pela ISO 14.025, os exportadores brasileiros podem ficar em uma posição frágil perante o comércio internacional. O alerta foi feito pela coordenadora do Projeto de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict/MCT), Celina Rosa Lamb.
Celina explica que a norma estipula a necessidade de que todos os produtos industriais, comerciais e de serviços, sejam produzidos dentro do conceito da ACV. “Ainda que voluntária, essa norma poderá acarretar barreiras comerciais aos exportadores brasileiros que não adotarem procedimentos formais de cuidado ambiental na extração, vida útil e no descarte final dos seus produtos, podendo tornar-se, inclusive, até um dos requisitos dos editais de compra e venda de produtos”, ressalta.
O Ibict, segundo a coordenadora, considera o projeto de implantação de um modelo nacional vital para o desenvolvimento do país e, por isso, está atuando na criação de um sistema de inventário de ciclo de vida de produtos e serviços brasileiros, fator fundamental para a realização de estudos na área. A Avaliação do Ciclo de Vida poderá se tornar uma resposta urgente aos requisitos ambientais dos acordos comerciais internacionais, e de virtuais experiências de validação para certificação de rótulos ambientais”, esclarece Celina, ressaltando que seria uma conquista para a sociedade, Governo e para o setor produtivo. Ela acredita que a parceria com instituições que trabalham com ACV no governo, na academia, nas instituições técnicas e de pesquisa, nas empresas públicas e privadas, e nas organizações não-governamentais (ONGs), em nível nacional e internacional, é fundamental. Para exemplificar, citou o projeto Capacity Building/Technology Transfer, que é financiado pela Secretaria de Assuntos Econômicos da Suíça. O projeto contempla um ciclo de palestras divididos em três workshops. A execução do treinamento é feita pelo Laboratório de Materiais daquele país.
“O projeto prevê a participação de técnicos brasileiros em atividades de capacitação, presencias ou não, oferecidas por técnicos suíços ligados ao Centro Suíço para Inventários de Ciclo de Vida (Ecoinvent), e o Instituto Ekos Brasil/Câmara, Brasil-Suíça e a Associação Brasileira do Ciclo de Vida (ABCV) são os intermediários da ação”, enfatizou.
Na América Latina alguns países já deram a largada para a adoção da avaliação em determinados setores produtivos. México, Colômbia e Costa Rica estão desenvolvendo ações de produção e consumo ambiental, sendo que o Chile já introduziu a ACV em sua indústria mineira, principalmente no segmento de cobre.
(Jornal do Brasil Online, 02/03/06)