É preciso estar preparado para piora da seca, diz ONU
2006-03-03
Os diretores executivos do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e do Fundo da ONU para a Infância (Unicef) alertaram na quinta-feira (02/03) sobre a necessidade de estar preparados para uma piora da seca que afeta o leste da África. "Devemos estar preparados para uma seca que pode piorar", disse a diretora do Unicef, Ann Veneman, em comunicado da organização divulgado em Nairóbi.
"As crianças são especialmente vulneráveis à desnutrição e às doenças e a carga sobre um sistema de saúde e saneamento já no máximo de sua capacidade será ainda maior", acrescentou. "Ainda não temos as quantidades de comida necessárias para alimentar os milhões de pessoas em risco por causa da seca", disse, por sua parte, James Morris, principal responsável do PMA. "E com as previsões meteorológicas sugerindo que as chuvas de abril também serão fracas, o número de famílias necessitadas poderia aumentar nos próximos meses", ressaltou.
Morris e Veneman estão no Quênia para, entre outras atividades, se reunir com o presidente queniano, Mwai Kibaki, que declarou a seca no país um "desastre nacional". Em 8 de fevereiro, o Governo queniano e as agências da ONU pediram US$ 221 milhões em assistência para alimentar os 3,5 milhões de afetados pela seca que afeta o país e evitar uma fome.
Aproximadamente 395.000 toneladas de alimentos são necessárias para ajudar os povoados fundamentalmente criadores de gado e nômades dos distritos do norte, onde a desnutrição em crianças menores de cinco anos varia entre 18% e 30% de crianças afetados, enquanto 15% é o nível considerado de emergência. Segundo números do PMA, os compromissos até agora dos doadores cobrem apenas 8% -cerca de US$ 19 milhões (US$ 16 milhões de euros)- do pedido de ajuda queniana.
No Quênia, as terras áridas ou semi-áridas representam 80% da superfície queniana e nos distritos mais afetados a população vive fundamentalmente do gado, de quem extrai leite que consome ou vende para adquirir outros alimentos.
Mas 70% da gado já morreu, e o resto poderia fazê-lo nos próximos meses se não chover.
(EFE, 02/03/06)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2006/03/02/ult1766u14993.jhtm