Uma pesquisa inédita apresentada no dia 23 de fevereiro no Departamento de Geografia da USP mapeia e mostra o que significa para uma cidade como São Paulo lidar com tantos animais – cães e gatos – abandonados. O trabalho desenvolvido durante três anos apresenta a influência desses animais em acidentes de trânsito, na fauna silvestre quando são abandonados em parques e áreas de proteção ambiental e as possibilidades de interferência na saúde humana. Pela primeira vez foi traçado um perfil do animal de rua em São Paulo – peso, idade, sexo, características físicas e comportamentais - a partir de uma análise individual de 200 animais recolhidos das ruas ou deixados por seus donos.

Além dos aspectos acima citados, o estudo analisa a evolução das políticas públicas aplicadas no município, a relação entre o governo e as organizações de proteção animal, os programas educativos de prevenção, as contradições entre os dados existentes, os motivos que levam as pessoas a descartar seus animais, os bastidores do Centro de Controle de Zoonoses e das ONGs, entre outros aspectos. O trabalho mostra que a atuação do poder público municipal – de recolher os animais nas ruas e encaminhá-los para o sacrifício – não segue as indicações da Organização Mundial de Saúde quanto ao manejo. Apresenta também um programa com bases humanitárias de combate à superpopulação aplicado na Índia nos anos 1990, que reduziu o índice de animais errantes em 30% em seis anos.

Intitulada Animais abandonados em São Paulo e sua relação com o ambiente urbano, o estudo, de aproximadamente 250 páginas, começa analisando a evolução biológica dos cães e gatos – domesticação e criação das raças – seu relacionamento com o homem em todos os períodos da história até chegar a situações caóticas como as vividas em São Paulo e outras grandes cidades do mundo, motivadas pela super população.

A autora, Karen Gimenez, fez visitas e entrevistas na Secretaria de Saúde, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, conversou com doze organizações de proteção animal atuantes no município, participou de cinco listas de discussão sobre o tema, acompanhou oito comunidades no Orkut, visitou feiras de doação, abrigos de animais abandonados, participou de fóruns e seminários nacionais e internacionais sobre o tema.

Jornalista, Gestora Social e Geógrafa, Karen desenvolveu a pesquisa como tema de sua monografia para graduação em Geografia na USP. Seus próximos passos são montar um site para facilitar o acesso à mesma e continuar a estudar o assunto comparando as políticas públicas e os trabalhos da sociedade civil em São Paulo com outras grandes cidades do mundo. Interessados na pesquisa podem solicitar uma cópia pelo e-mail: divulgacaopesquisa@hotmail.com. Os arquivos somam 14 MB.
Por Débora Carneiro
(Assessoria de imprensa / Relações Públicas – USP)