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2006-03-03
Ao menos dois carros-bomba explodiram nos portões da grande instalação petrolífera de Abqaiq, na Arábia Saudita, na sexta-feira (24/02), quando forças de segurança dispararam contra agressores que tentavam invadir a maior refinaria de petróleo do mundo, disseram autoridades sauditas. Segundo o ministro do Petróleio Ali al-Naimi, a produção de petróleo não foi afetada pelo "atentado terrorista". Os preços do combustível aumentaram em 2 dólares com a notícia sobre os ataques. A Arábia Saudita é o maior exportador de petróleo do planeta e importante aliada dos EUA.

"As forças de segurança impediram um atentado suicida em Abqaiq. Os agressores usavam ao menos dois carros", afirmou uma autoridade. Esse foi o primeiro ataque militante contra uma instalação de petróleo do país desde que militantes da Al Qaeda lançaram, em maio de 2003, uma campanha de atentados suicidas com o intuito de tirar do poder os líderes sauditas. A ação aconteceu um ano depois de o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, ter pedido a seus seguidores que atacassem alvos da indústria petrolífera no golfo Pérsico.

"Os danos limitaram-se a um incêndio, que foi controlado rapidamente. As operações de produção não foram afetadas", disse o Ministério do Interior do país. A possibilidade de a Al Qaeda realizar atentados na Arábia Saudita vem tirando o sono dos países consumidores de petróleo e que dependem do produto saudita. O reinado responde por um sexto das exportações do combustível, produzindo 7,5 milhões de barris por dia. O assessor saudita para a área de segurança disse que os guardas da refinaria dispararam contra três carros cheios de explosivos que se aproximavam dos portões externos de Abqaiq. Segundo o assessor, os três carros explodiram.

"Três carros foram jogados contra o primeiro dos três conjuntos de portões que protegem Abqaiq. Quando as forças de segurança atiraram contra eles, os três explodiram", disse o assessor. O canal de TV Al Arabiya, dos Emirados Árabes Unidos, disse que os agressores tinham sido mortos. E acrescentou que os carros usados exibiam o logotipo da empresa estatal Aramco.

A maior parte do petróleo saudita é exportada através do golfo Pérsico por meio da grande instalação de Abqaiq, também conhecida como Baqiq, na Província Leste, de maioria xiita. A refinaria processa cerca de dois terços da produção saudita.

ALVO CHAMATIVO
Robert Baer, ex-agente da CIA (agência de inteligência dos EUA) presente no Oriente Médio, descreveu Abqaiq como o "ponto mais vulnerável e o alvo mais espetacular do sistema petrolífero da Arábia Saudita". Abqaiq recebe petróleo bombeado do grande campo de extração de Ghawar e o despacha através dos terminais Ras Tanura -- a maior estação offshore de carregamento de petróleo do mundo -- e Juaymah.

"Não está claro ainda quais danos aconteceram, mas Abqaiq é a instalação de petróleo mais importante do mundo", afirmou Gary Ross, diretor-executivo da empresa de consultoria Pira Energy, em Nova York. "Isso apenas chama a atenção para o medo a respeito da segurança do suprimento mundial de petróleo no momento em que enfrentamos problemas na Nigéria, no Irã e no Iraque."

Houve vários ataques contra funcionários estrangeiros na Arábia Saudita nos últimos anos, mas as instalações de petróleo nunca tinham sido eleitas como alvo. Em maio de 2003, ao menos 35 pessoas foram mortas e 200 ficaram feridas em um suposto atentado suicida da Al Qaeda dentro de um complexo residencial de Riad.

Um ano depois, militantes atacaram uma empresa de petróleo e um complexo residencial de Khobar e depois fugiram para o complexo residencial Oasis, na mesma cidade, fazendo reféns. Sete policiais sauditas foram mortos.
(Reuters, 24/02/06)

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