Gripe aviária ameaça produção e pode causar demissões no Rio Grande do Sul
2006-03-02
A gripe aviária vem afetando diretamente a região produtora do Estado. Isso porque a queda na produção de frangos vai cair de 10% a 15%. De acordo com o presidente da Associação Gaúcha de Avicultores (Asgav) e diretor de relações institucionais da Doux Frangosul, Aristides Vogt, o consumo no exterior fica impossibilitado de qualquer estímulo enquanto houver presença de foco em determinadas regiões. Vogt salienta que uma reação no mercado internacional é aguardada para definições sobre quadro de funcionários. De momento, a Frangosul oferecerá férias para alguns trabalhadores.
Na Itália, por exemplo, a redução das compras pelos consumidores chegou a 70% nos últimos dias. Para o segmento do Rio Grande do Sul, o quadro é ainda mais preocupante, porque 70% da produção tem como destino o mercado externo. Entre as soluções que serão buscadas, a Frangosul procurará alternativas no mercado interno. "Teremos que direcionar nosso foco nesse sentido, buscando adaptações", coloca Vogt. O diretor ressalta que as exportações continuarão a ser tentadas. "Estamos buscando alternativas em países os quais o consumo ainda se mantém", pondera. No entanto, Vogt não esconde a situação. "Foi uma queda violenta no consumo, principalmente entre os europeus", frisa. Na União Européia, de um modo geral, estão os principais clientes da Frangosul.
O presidente da Asgav não descarta demissões no setor, que emprega 45.000 trabalhadores nas plantas industriais. "No momento, as empresas estão dando férias para alguns funcionários, mas não há como negar que devem haver dispensas", assinala. Quanto aos produtores, nada definido. "Ainda não conseguimos mensurar os prejuízos dessa situação, mas as perdas afetam toda a cadeia, inclusive os produtores de grãos que fornecem matéria-prima para ração", salienta Vogt.
Entre as expectativas de melhorias, Vogt espera a calmaria no mercado europeu. A esperança é de que entre 30 a 60 dias após o aparecimento do foco é que os consumidores voltem a comprar carne de frango. "Autoridades começam a fazer o alerta de que a doença não influi no consumo e os consumidores voltam a comprar", espera o diretor.
(Jornal Ibiá, 26/02/06)