Papeleiras: bloqueio argentino causa prejuízos ao Uruguai
2006-03-02
Empresários de transportes de carga do Uruguai afirmam que as perdas causadas ao setor pelos bloqueios nas pontes que ligam o país à Argentina, realizados por argentinos da fronteira ao longo das últimas três semanas, passaram os 5 milhões de dólares. Sustentam que se o bloqueio durar outras duas semanas, 30% dos caminhoneiros uruguaios terão de recorrer ao seguro-desemprego para sobreviver. Os piquetes em duas das três pontes que ligam os dois países causaram a queda de 70% do transporte internacional por via terrestre de passageiros do Uruguai. Os manifestantes exigem a suspensão da construção de duas fábricas de celulose sobre o rio Uruguai, que divide os dois países, por considerarem que poluirão essa via fluvial. Alertam que os resíduos causarão graves danos à saúde dos habitantes locais e são respaldados pelo presidente Néstor Kirchner. Na quinta-feira, o parlamento argentino aprovou pedido de Kirchner de abrir um processo contra o Uruguai, por violar leis ambientais, na Corte Internacional de Haia. No Uruguai, o governo do presidente Tabaré Vázquez se nega a impedir a construção das fábricas. Ele sustenta que as empresas, a espanhola Ence e a finlandesa Botnia, seguem rigorosos padrões ambientais. Além disso, o investimento será de 1,8 bilhão de dólares (o maior da história do Uruguai, equivalente a 13% do PIB do país), o que proporcionará 10 mil empregos diretos e indiretos.
(CP, 27/02/06)