WWF-Brasil está implantando o Sistema de Implementação Modular (Sim) de Certificação. Pelo programa, a avaliação técnica e o acompanhamento do processo, feitos por técnicos da WWF, sai de graça. O preço médio no mercado dessa fase da certificação, varia de R$ 15 mil e R$ 100 mil em média. "Só pode participar quem tiver plano de manejo autorizado pelo Ibama, posse da terra ou direito de uso e contratos formais com os empregados", avisa Estevão Braga, engenheiro florestal da WWF-Brasil.

"A certificação é feita em módulos, definidos junto com o fornecedor, que avalia quando e em que tempo vai poder resolver cada questão", explica. O fornecedor só paga a taxa anual de certificação depois de terminado o processo. Quem faz parte do Sim pode integrar a Rede Global de Florestas e Comércio, que reúne 400 empresas, 370 delas compradoras, de 25 países. Cinco empresas do Acre já aderiram ao programa.O mercado de madeira tropical certificada, aquela retirada de forma controlada da floresta Amazônica, está mais organizado nessa safra, com início em maio.

Pela primeira vez as comunidades extrativistas de Xapuri, no Acre, contaram com o apoio de máquinas para retirar as toras da floresta, e com uma serraria para beneficiá-las. A melhora na oferta permitiu o uso, também inédito, de madeira tropical no primeiro empreendimento imobiliário brasileiro com certificação ambiental, o Gênesis II, da Takaoka com construção da Gafisa.

A produção brasileira de madeira certificada é de 720 mil m3 por ano, o que significa 3% do total da safra, estimada em 24 milhões de metros cúbicos. Mais de 60% dessa produção vem de grandes madeireiras que atuam no Amazonas e atende à forte demanda do mercado externo, que paga mais pelas toras tropicais com origem conhecida e produção fiscalizada. Mesmo assim, Estevão Braga, engenheiro florestal da área e comércio e florestas da WWF Brasil, diz que o atendimento do mercado doméstico melhorou.

A madeira certificada tem sua produção fiscalizada quanto à adoção de medidas de proteção ambiental, ao manejo, controlado, e às condições de trabalho. "Fica 20% mais cara", diz Braga. As construtoras e grandes marcenarias reclamam que, além disso, a oferta é irregular e pequena, e de espécies desconhecidas. "Mas a oferta é pequena porque não há procura".

Em 2000, as Ongs que atuam nesse mercado formaram o Grupo de Compradores, reunindo empresas e designers interessados em produtos certificados. Com 60 participantes, a maior parte de pequenos consumidores, esse grupo facilitou a relação com as comunidades extrativistas, que nessa safra, dispõem de 1 mil m3 de madeira. "O Grupo viabilizou a compra de madeira tropical por pequenos consumidores, por meio de fretes coletivos", explica Karina Aharonian, coordenadora do grupo. As comunidades estão atendendo principalmente, aos ateliês de móveis e design concentrados na Vila Madalena, em São Paulo.

O próximo passo, segundo Karina, é divulgar as espécies tropicais.

As mais procuradas são sucupira, freijó e ipê, o último já com problemas de oferta. "É uma madeira resistente e com tonalidade amarelada, que agrada muito aos estrangeiros", afirma. Outras espécies de grande demanda são o cedro e, ainda, o mogno, praticamente esgotado. "Temos várias espécies de boa qualidade e em grande quantidade, que não saem por que ninguém conhece", diz. Por exemplo, louro abacate, fava orelhinha e os dois cumarus, o ferro e o cetim. "Todas são ideais para construir móveis, pois são fáceis de trabalhar", explica.

A WWF-Brasil está estudando junto com a Prefeitura de São Paulo, um mecanismo de incentivo fiscal para quem aderir à madeira certificada, para aumentar a produção.

"A idéia é que isentar construtoras, grandes consumidoras, que apóiem a certificação de seus fornecedores", explica.

A Takaoka e a Gafisa, com o Genesis II, estão participando da primeira ação nesse sentido. "A direção da Amigos da Terra nos pediu ajuda para entender por que esse mercado anda tão devagar", conta Marcelo Takaoka, proprietário da empreendedora. A primeira decisão foi encomendar tudo com antecedência, para evitar falhas no suprimento durante a obra.

Além disso, e por causa do desconhecimento a respeito das espécies, os arquitetos fizeram um memorial descritivo flexível e, junto com os engenheiros, estão testando as espécies. "Algumas têm um cheiro de enxofre muito forte, como a mandioqueira e a peroba do norte, por exemplo", conta Wilson Honda, gerente técnico da Takaoka. Até agora, o empreendimento usou 150 m3 de maçaranduba e cedro rosa nos acabamentos (esquadrias e algumas vigas aparentes), teca bruta nas formas e chapas de compensado. O total deverá chegar a 200 m3. O custo total da obra ficou apenas 1% maior com o uso da madeira certificada segundo Takaoka.

Programa de certificação
A WWF-Brasil está implantando o Sistema de Implementação Modular (Sim) de Certificação. Pelo programa, a avaliação técnica e o acompanhamento do processo, feitos por técnicos da WWF, sai de graça. O preço médio no mercado dessa fase da certificação, varia de R$ 15 mil e R$ 100 mil em média.

“Só pode participar quem tiver plano de manejo autorizado pelo Ibama, posse da terra ou direito de uso e contratos formais com os empregados”, avisa Estevão Braga, engenheiro florestal da WWF-Brasil.

A certificação é feita em módulos, definidos junto com o fornecedor, que avalia quando e em que tempo vai poder resolver cada questão?, explica. O fornecedor só paga a taxa anual de certificação depois de terminado o processo. Quem faz parte do Sim pode integrar a Rede Global de Florestas e Comércio, que reúne 400 empresas, 370 delas compradoras, de 25 países. Cinco empresas do Acre já aderiram ao programa.
(O Estado de S. Paulo, 26/02/06)