Seguro ambiental pode contar pontos no ISE
2006-03-02
O seguro ambiental deverá somar pontos na avaliação das candidatas a
participar do seleto grupo de empresas que compõem o Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE), da Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa), criado para ser uma referência para o investimento
socialmente responsável e um indutor de boas práticas no meio
empresarial.
Há um movimento do setor de seguros para conscientizar o empresariado
da importância do seguro ambiental. A idéia é incluir o seguro entre
os vários quesitos do questionário de revisão anual do ISE para que
ele conte pontos às empresas que tiverem contratado uma cobertura que
dê garantia de que se for causado danos ao meio ambiente pela empresa
haverá uma indenização suficiente para reparar o estrago.
"O questionário qualifica a empresa para entrar no ISE. São
indicadores, que compõem pilares, analisados estatisticamente. De
acordo com as notas, a empresa é incluída ou não neste grupo seleto",
explica Rubens Mazon, coordenador do Centro de Estudo da Fundação
Getúlio Vargas, responsável pela criação dos critérios de avaliação do
índice.
"O seguro ambiental está na pauta da revisão do ISE, mas os trabalhos
nem começaram para sabermos se será ou não incluído", disse Mazon. O
índice registrou valorização de 25,8% de dezembro do ano passado,
quando foi lançado, até agora. Um desempenho mais favorável do que os
20,4% do Ibovespa, composto por 57 ações.
O novo questionário será distribuído em agosto às empresas candidatas
a participar da versão revista do índice, que entra em vigor em
dezembro. Na primeira versão, 80 companhias se candidataram e apenas
28 foram selecionadas. Entre elas pesos pesados como Bradesco, Banco
do Brasil e Itaú, como Votorantim, Natura, Perdigão e Aracruz Celulose,
entre outras.
Entre os argumentos, os executivos dizem que o seguro ambiental faz
parte das inúmeras exigências feitas pelo Princípios do Equador - um
acordo firmado entre bancos em junho de 2003, que impõe o atendimento
de critérios mínimos ambientais e de responsabilidade social na
concessão de financiamento para projetos acima de US$ 50 milhões.
"Pode ser uma alavanca positiva para o setor", disse Walter Polido,
diretor técnico e jurídico da resseguradora Munich Re, o maior
especialista em responsabilidade civil ambiental do Brasil. Para
Polido, as seguradoras vão se sentir compelidas a disponibilizar
produtos mais consistentes na medida que as empresas demandarem o
produto. "Não há demanda das empresas hoje. Mas quando o setor se
aquecer, com certeza teremos um produto de primeira linha para atender
aos nossos clientes", disse Ivan Passos, vice-presidente da SulAmérica
Seguros.
"O empresário não verá grande necessidade de comprar o produto porque
não é penalizado. Há leis modernas, mas não há execução. Talvez o
empresariado se sinta protegido diante da Justiça, pois poucos são
condenados por danos ambientais. O Estado, por sua vez, se vê
satisfeito com a multa que impõem. Porém, a questão é mais séria.
Precisa haver responsabilização e penalização. Enquanto isso não
acontecer, a necessidade do seguro não acontece", disse Polido.
Os Estados Unidos é o país mais desenvolvido em termos de seguro
ambiental. "O que começa a acontecer aqui teve início lá nos anos 80.
Hoje há uma enorme variedade de seguro ambiental nos EUA, sendo que o
custo chega a 1,5% do valor da importância segurada", informou Polido.
A Europa ainda é conservadora nesse assunto, mas haverá mudanças a
partir de agora, pois uma nova legislação, determinando com grande
ênfase a responsabilidade do causador do dano, entrará em vigor a
partir de 2007, obrigando o mercado a ofertar coberturas mais
abrangentes", informou o especialista em seguro de responsabilidade
civil.
(GM, 02/03/06)