Em uma única cerimônia realizada no final da manhã de ontem (23/02), a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) realizou duas inaugurações que prometem dinamizar o trabalho do Instituto de Química e Geociências (IQG): uma microusina de biodisel animal e uma fábrica experimental de produtos de limpeza. “Hoje, o IQG não é mais um local apenas para formar professores para o Ensino Médio, mas sim um instituto que forma profissionais aptos a atuar em todo o país e nas mais diversas áreas”, frisou o reitor Cesar Borges.

Para o diretor do IQG, Sérgio Nascimento, as inaugurações são fruto direto da criação do curso de Química da UFPel, em 1997, que concedeu um novo caráter ao instituto que até aquela época era um prestador de serviços para outros departamentos da universidade. “Esperamos que esta Fábrica Escola sirva de fonte de pesquisas, estágios e experiências para nossos alunos”, disse.

Instaladas em um prédio adquirido pela UFPel nos anos 90 - e até este ano ocioso - as duas unidades da Fábrica Escola produzirão, juntas, 2,4 mil litros de biodiesel animal e 4 mil litros de produtos de limpeza a cada mês. Enquanto o biodiesel será destinado a uma frota de caminhões monitorada por uma equipe de pesquisa de doutorado - que conta com o apoio da iniciativa privada - a produção de alvejantes e desinfetantes será utilizada pela própria universidade.

Limpeza gera empregos

Embora ainda estranhe um pouco o capacete e os equipamentos obrigatórios de segurança, o operador de máquinas Cleomar Coelho, 31 anos, comemora estar de volta ao mercado de trabalho pelas mãos da UFPel. Depois de 13 meses desempregado, Coelho foi selecionado para operar uma das máquinas da fábrica de produtos de limpeza. “O salário de R$ 550,00 vem numa hora em que eu precisava muito, espero que a partir disso a universidade crie mais empregos para pessoas como eu”, comentou. Além de Coelho, outros cinco trabalhadores serão ocupados na unidade.

Dentro de 15 dias a fábrica deverá começar a produzir e entregar os primeiros lotes de desinfetantes, detergentes e alvejantes para a universidade, que passará a economizar com a compra destes produtos. O excedente da produção que sairá da Fábrica Escola com preço até 70% menor do que o praticado no mercado formal será, a médio prazo, colocado à disposição dos consumidores da cidade.

“Nossa idéia é transformar a Fábrica Escola em uma empresa escola e envolver vários outros setores da UFPel, bem como possibilitar uma maior integração com a comunidade”, ressaltou o diretor do Instituto de Química e Geocências, Sérgio Nascimento.

Biodiesel aproxima UFPel da iniciativa privada

Instalada com apoio financeiro da distribuidora gaúcha de combustíveis Megapetro, a microusina de biodiesel animal da UFPel é vista como um primeiro e importante passo de aproximação da instituição com a iniciativa privada. “Essa inauguração acaba com o estigma de que a aproximação de universidades públicas com a iniciativa privada é um pecado mortal”, analisou o reitor Cesar Borges.

Além de servir ao desenvolvimento de um projeto de doutorado que une a UFPel e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a microusina será o laboratório da Megapetro para a construção de sua planta industrial de fabricação de biodiesel, que deverá ser inaugurada até o final do ano na Grande Porto Alegre. “Todos os erros que eventualmente cometeríamos na unidade industrial poderão ser cometidos nesta usina experimental”, comentou Juarez Nonemacher, diretor da Megapetro.

A partir dos resultados da parceria com a distribuidora, a reitoria da UFPel espera atrair a atenção de outras empresas interessadas em financiar e investir na pesquisa acadêmica.
(Diário Popular, 24/02/06)