Secretário argentino discute sobre Monsanto com Departamento de Agricultura dos EUA
2006-02-24
O secretário da Agricultura da Argentina, Miguel Campos, pretende deixar claro ao governo norte-americano que não
considera sua oposição à cobrança de royalties da multinacional Monsanto uma quebra das leis de propriedade
intelectual. A declaração foi feita ontem (23/02) durante entrevista à Dow Jones Newswires.
O secretário reuniu-se ontem com representantes do alto escalão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
(USDA) por cerca de uma hora. Segundo ele, os oficiais do departamento não opinaram sobre a disputa entre os
produtores argentinos e a multinacional. Mas, segundo Campos, seu objetivo era levar a mensagem ao governo Bush.
As sementes transgênicas da Monsanto correspondem a 95% da soja plantada anualmente nas lavouras argentinas. A
companhia reclama que os produtores pagam pelo uso de apenas 20% deste total. Freqüentemente, as sementes são
ilegais ou replantadas depois de cada safra, de acordo com a empresa.
A disputa acirrou-se recentemente depois que os fiscais da alfândega da União Européia (EU) passaram a deter os navios
da Argentina carregados com soja e farelo para inspecionar se havia nas cargas vestígios das sementes fabricadas pela
Monsanto.
O plantio das sementes Roundup Ready é permitido desde 1996, mas a companhia não possui a patente do produto na
Argentina. Por isso, a autoridade da companhia no país é limitada, mas no bloco europeu a empresa detém a patente,
podendo cobrar pelo uso.
Desde o final do ano passado, os navios procedentes da Argentina carregados com farelo foram detidos para análise em
portos da Espanha, Reino Unido, Dinamarca e Holanda.
A Argentina exportou 11 milhões de t de soja e derivados para a União Européia. Em receita, as exportações somaram
US$ 2 bilhões, de acordo com dados da secretaria da Agricultura argentina.
(Dow Jones, 23/02/06)