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2006-02-24
O Brasil precisa tomar uma decisão. Ou investe em energia nuclear ou definitivamente se decide por abrir mão dela. Essa é a opinião do professor do Programa de Energia Nuclear da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/ UFRJ), Aquilino Senra. Em entrevista à Agência CanalEnergia, ele explica que o setor, que hoje produz 4% de toda a energia consumida no país, tem sido tratado com descaso, justamente por ser tão controverso e tocar em questões de cunho ideológico.

Senra lembra ainda que, em países como a França, Estados Unidos e Japão, onde tem sido estudada a substituição do petróleo pelo hidrogênio, já estão sendo criados protótipos para que esse hidrogênio seja produzido não apenas a partir do etanol, mas também através de reações nucleares.

Na sua opinião, a produção de energia nuclear ainda é fundamental para o desenvolvimento econômico do país. Ele acredita que a decisão sobre investir ou desistir da energia tem sido "empurrada pela barriga". "O problema é que, com as obras de Angra 3 paradas, gasta-se cerca de U$ 20 milhões ao ano. Fora o custo total do investimento que foi de cerca de US$ 800 milhões", comenta.

De acordo com Senra, que defende investimentos no setor nuclear brasileiro, o país alcançou uma elevada capacidade técnológica para enriquecimeto do urânio. Ele lembra ainda que, apesar do aumento da procura por fontes alternativas às convencionais (carvão, petróleo e hidrelétricas) devido ao caráter não renovável dos combustíveis fósseis, os países precisam dominar todas as tecnologias de produção de energia, diversificando suas fontes.

Após 24 anos do primeiro teste de geração de energia, as usinas Angra 1 e 2 alcançaram a produção de 100 milhões de Mwh, o que representa 2,5 milhões de Mwh por reator no ano. Para se ter uma idéia, uma máquina da usina hidrelétrica de Itaipu produz em um ano uma média de 5 milhões Mwh. A meta da Eletronuclear é que as duas usinas gerem juntas 14 milhões de Mwh por ano.

"Os países desenvolvidos investem em energia nuclear. Os Estados Unidos, por exemplo, possuem 104 usinas nucleares que representam 20% da gereação de eletricidade do país. Na França, que possui 59 usinas, a enegria nuclear corresponde a 50% de toda a energia gerada", diz Senra.

Ele explica ainda que, nas décadas de 80 e 90, foram os "Tigres Asiáticos" que se voltaram para esse tipo de geração de energia. "Isso aconteceu principalmente na Coréia, onde a energia nuclear corresponde a uma média de 40% da gereação de energia", observa. A meta do Brasil é alcançar 4,2% da geração de eletricidade através da energia nuclear, o que, segundo Senra, só será possível com a conclusão de Angra 3 e a construção de mais outras duas usinas.
(Canal Energia, 23/02/06)

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