(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-02-24
Conselho Estadual do Meio Ambiente de São Paulo atesta a viabilidade ambiental do Trecho Sul do anel viário sem que o governo do estado tenha garantido recursos para realizar - e mecanismos democráticos para fiscalizar - todas as medidas de compensação e mitigação necessários à preservação das áreas de mananciais diretamente impactadas.

O Conselho Estadual do Meio Ambiente de São Paulo (Consema) aprovou nesta quarta-feira, 22 de fevereiro, o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do Trecho Sul do Rodoanel e, assim, atestou a viabilidade ambiental do empreendimento. Com isso, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA) deve publicar, nos próximos dias, a Licença Prévia (LP) da obra no Diário Oficial do Estado.

Na reunião que asfaltou o caminho para o governo estadual fechar contratos e iniciar a construção do anel viário, os únicos votos contrários à aprovação do EIA/Rima foram de representantes de Organizações Não-Governamentais ambientalistas que não concordam com o exíguo prazo dado para que analisassem o extenso relatório de 300 páginas produzido pela SMA. No início da reunião, inclusive, a procuradora Claudia Fedele, do Ministério Público Federal, recomendou a extensão do prazo para a análise do relatório. Em vão.

O atropelo se explica. O governo estadual tem pressa para aprovar o empreendimento, uma vez que 2006 é ano eleitoral e os contratos para a realização de serviços e obras só podem ser firmados até abril. Com a licença prévia publicada, o que deve ocorrer em até vinte dias, o governo poderá fechar os contratos necessários para o início das obras.

Antes da abertura do canteiro de obras em uma das regiões mais fragilizadas da Grande São Paulo – as áreas de mananciais das represas Billings e Guarapiranga -, contudo, uma série de questões precisa ser respondida. O Instituto Socioambiental (ISA) acredita que a emissão da LP deveria ser precedida pela apresentação, por parte do empreendedor, a Dersa, de um cronograma de implantação do projeto e das respectivas medidas de mitigação e compensação ambiental. Sem esse cronograma, a análise dos impactos ambientais e das medidas de compensação e mitigação fica comprometida, uma vez que não se sabe quando as obras e as correções acontecerão.

O risco do não-cumprimento das ações ambientais fica ainda maior quando se leva em conta que o governo estadual não tem recursos garantidos para construir todos os 57 quilômetros da alça sul do anel viário, mas apenas para um pequeno trecho que interliga a Avenida Papa João XXIII, em Mauá, com a Rodovia Anchieta. O restante da obra, que inclui a ligação com Imigrantes, a transposição das represas Billings e Guarapiranga, e finalmente, a ligação com a rodovia Régis Bittencourt, onde a estrada se conectaria ao Trecho Oeste do Rodoanel, não tem data para acontecer. “É arriscado atestar a viabilidade ambiental de um empreendimento deste porte sem que se saiba quando o mesmo vai acontecer”, afirma Marussia Whately, do ISA. “Se o próximo governo do estado não conseguir recursos para terminar o Rodoanel, o que acontecerá, por exemplo, com os parques a serem criados em Parelheiros, resultantes de acordo entre o município de São Paulo e a Dersa?”, indaga.

Outro aspecto que deveria ter sido considerado é a criação imediata de um Conselho Gestor do Programa Rodoanel, proposta que foi defendida pelo ISA e pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, entre outras instituições, na reunião do Consema. Isto porque o governo prevê a execução de um conjunto de ações para minimizar os impactos da estrada, durante e após as obras, a ser realizado em parceria com diversos órgãos, como prefeituras da região.

Neste contexto, o conselho seria um espaço adequado para acompanhar, desde já, a negociação e a execução destas medidas, bem como para viabilizar a articulação entre o governo do estado, gestores locais, órgãos públicos e a sociedade civil afetada pelo empreendimento. “Sem o conselho, as chances de se repetirem no Trecho Sul, os problemas verificados no Trecho Oeste - como o não-cumprimento de medidas compensatórias e outros impactos até hoje não sanados - aumentam consideravelmente”, afirma Marussia.

A coordenadora do Programa Mananciais do ISA lembra que o conselho não substituiria o Consema, que tem o papel de fiscalização do cumprimento das medidas ambientais. O novo colegiado seria responsável por garantir a efetiva articulação de ações e o cumprimento dos diversos acordos judiciais feitos ao longo do processo de licenciamento da obra. Outro aspecto importante do conselho proposto seria ter a capacidade de encomendar estudos independentes e de dirimir futuros conflitos que a rodovia poderá causar na região, como, por exemplo, os pedidos de novos acessos à rodovia, que podem criar um cenário de aumento da ocupação não dimensionado nos estudos atuais.

A aprovação do empreendimento no Consema, no entanto, vinculou a responsabilidade por seu acompanhamento à mesma comissão especial encarregada pelo Trecho Oeste, onde ainda existem pendências de licenciamento, além de várias denúncias sobre o não cumprimento adequado das medidas mitigatórias, como os muros anti-ruídos.

Assim, o Consema jogou fora a oportunidade de criar um espaço democrático para o acompanhamento de tão polêmico empreendimento que, com a participação das instituições envolvidas, entre elas os municípios da região, o Ibama, a Funai, as comunidades indígenas e a sociedade civil organizada, poderia colaborar de forma decisiva para minimizar os impactos da rodovia sobre os mananciais.
(ISA – instituto Socioambiental, 23/02/06)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -