Muitos cientistas não têm certeza a respeito do vínculo entre o fenômeno El Niño e a questão das mudanças climáticas. Mas o último grande dano ambiental causado pelo fogo na região amazônica - numa área total de 3,3 milhões de hectares em 1997/98, com a perda bruta de 1,5 milhão de hectares, só de florestas - está certamente ligado à ocorrência de El Niño. Segundo o Departamento Norte-americano de Gerenciamento de Oceanos e Atmosfera (NOAA), o fenômeno El Niño ocorreu em 1972, 1976, 1982/83, 1987, 1991/92, 1994 e 1997/98. O NOAA não assegura que a intensidade do El Nino poderá ser maior, nem que sua frequência poderá aumentar com o aquecimento global. Mas, segundo os cientistas dessa instituição, há evidências de que o aumento da temperatura global está, de alguma forma, trazendo impactos ao El Nino. Na realidade, é bem provável que o inverso também esteja ocorrendo, mas faltam provas científicas - por enquanto, tem-se apenas evidências. Face a este quadro, torna-se cada vez mais grave a falta de informações e de conscientização sobre o problema das queimadas. De acordo com o Ibama, em janeiro e fevereiro de 1999, o problema tornou-se crítico, pois praticamente 80% do território brasileiro estavam sujeitos a algum risco de incêndio. Em agosto daquele ano, 31 mil incêndios foram notificados em 15 Estados. Logo depois, o Estado de Mato Grosso declarou emergência, pois cerca de 11 mil focos de incêndio foram detectados depois de 60 dias sem chuvas. Estima-se que 15 mil hectares foram queimados. E ainda outros 50 mil hectares foram destruídos pelo fogo no Parque Nacional da Ilha Grande, no Sul do Paraná. Um dos grandes problemas com respeito às queimadas é, de fato, a falta de informação. Segundo os especialistas, o fogo é algo natural nas florestas, é uma forma de reciclagem de nutrientes especiais, como o nitrogênio. Queimadas rápidas e limitadas a terras agrícolas sao parte da cultura rural e ajudam na decomposição de material orgânico em compostos minerais, que causam um estímulo ao crescimento das plantas, reduzindo doenças nas florestas. Mas, se for intensivo e descontrolado, o fogo pode causar sérios danos aos ecossistemas florestais. Ele produz, além disso, emissões que exarcebam o problema da mudança climática.