Campanha estimula consumo de produtos certificados
2006-02-22
Para comprar o desafio de incentivar o consumo responsável, o grupo de Compradores de Produtos Florestais Certificados de Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, em parceria com a agência de publicidade "Lew, Lara", deu início a uma campanha para divulgação do selo FSC, cujo lançamento foi marcado por um almoço, nessa quinta feira, no espaço Rosa Rosarum, em Pinheiros, SP.
O Forest Stewardship Council (FSC - Conselho de Manejo Florestal) é uma organização internacional que busca difundir e promover o manejo sustentável florestal e estabelece critérios e princípios para estes fins. Os empreendimentos que seguem seus padrões são contemplados com o selo FSC, certificação que garante a origem sustentável e os respeitos a normas trabalhistas na confecção do produto.
No Brasil, a certificação FSC é concedida pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), representado no evento pelo seu secretário-executivo, Luiz Fernando Guedes. "Um dos principais limitantes para o mercado de produtos florestais certificados hoje é a falta de conhecimento público. Essa é a grande iniciativa e conquista dessa campanha", avaliou Guedes.
Em busca do eco consumidor
São grandes os desafios que se erguem diante da expansão do mercado de produtos florestais certificados no Brasil. Um desses desafios, e principal direcionamento da campanha, é a conscientização de quem compra e o oferecimento de informação adequada para aproveitar uma demanda já existente.
Roberto Smeraldi, diretor de Amigos da Terra, apontou claramente esse objetivo durante sua apresentação da campanha: "Não é importante apenas para o produto florestal, mas também discutirmos toda a questão do consumo responsável no país. Em que medida o consumidor é um tomador de decisão em cada momento, assim como eleitor, assim como contribuinte."
Um sintoma de que o consumo ambientalmente responsável ainda é incipiente no Brasil é que a maior parte dos produtos com certificação FSC, sobretudo os madeireiros, é voltada para exportação. Para Sergio Gonçalves, presidente do grupo Compradores, os chamados "eco consumidores" na Europa, Ásia e Estados Unidos já têm mais maturidade e conhecimento sobre o seu poder de escolha: "É uma tendência mundial, portanto apenas uma questão de tempo pra estar aqui. Acho que o povo brasileiro tem toda disposição do mundo para apoiar isso, o que acontece é que a visibilidade desses processos ainda não está totalmente concretizada", avalia ele.
Em uma pesquisa realizada em 1998 pelo IBOPE, cerca de 68% dos entrevistados em todo país declararam estar dispostos a pagar mais por um produto compatível com a defesa do meio ambiente. Nesse caso, faltaria ao eco consumidor informação sobre como alinhar a sua conduta. "Existe a preocupação na cabeça das pessoas, mas primeiro elas não conseguem relacionar os produtos que elas consomem com a origem. Dificilmente conseguem entender que um caderno, uma mesa, um xampu, tem a ver com a floresta amazônica", considera Luiz Fernando Guedes. (Amazonia.org.br, 22/2)